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SAÚDE
Osteoporose terá tratamento único
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Médicos de várias especialidades vão adotar a partir deste ano
uma conduta médica única para a
prevenção, o diagnóstico e o tratamento de osteoporose.
A doença, caracterizada pela
perda de massa óssea que resulta
em ossos fracos propensos a fraturas, atinge uma em cada quatro
mulheres acima de 55 anos, segundo a OMS (Organização
Mundial da Saúde).
Entre os homens, um em cada
oito enfrentam o problema. No
Brasil, pelo menos 9 milhões de
pessoas são portadoras da doença, conforme a SBO (Sociedade
Brasileira de Osteoporose).
Sete sociedades médicas brasileiras, que reúnem mais de 40 mil
médicos, assinaram um documento chamado "Consenso Brasileiro de Osteoporose", que servirá de guia de orientação da
doença. A iniciativa tem o apoio
do Ministério da Saúde, do CFM
(Conselho Federal de Medicina) e
da Sociedade Médica Brasileira.
Na prática, com a uniformização do atendimento, os médicos
terão mais subsídios para orientar
suas pacientes sobre a prevenção,
que deve começar desde a infância, com a prática de exercícios físicos, a exposição moderada ao
sol e a ingestão de cálcio.
Além disso, a expectativa é que,
ao reconhecer a doença precocemente, os médicos adotem tratamentos mais adequados.
Segundo o reumatologista Rubem Lederman, presidente da Sociedade Brasileira de Osteoporose, há muitas falhas dos médicos
brasileiros tanto no diagnóstico
quanto no tratamento das vítimas
de osteoporose.
Ele afirma que apenas 38% dos
casos da doença são diagnosticados e desses só 30% são efetivamente tratados. "Em um país em
que o número de idosos é maior
que a população de muitos outros
países, é fundamental que o poder
público comece a se preocupar."
Segundo o médico Sebastião
Radominski, 49, professor de reumatologia da Universidade Federal do Paraná e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, outro grande problema enfrentado pelas vítimas de osteoporose é a dificuldade na aquisição dos medicamentos.
Ele diz que o tratamento mensal
não sai por menos de R$ 150, e a
rede pública de saúde não fornece
os remédios básicos usados no
tratamento da doença, como os
anti-reabsortivos. Esses remédios
impedem que a reabsorção óssea
seja maior que a formação de novos ossos e podem reduzir as fraturas em 50% a 70% dos casos.
O osso é uma estrutura viva.
Constantemente existem zonas
ósseas que são destruídas e substituídas por outras. Após a menopausa, pela falta do hormônio estrógeno, ocorre um desequilíbrio
entre a destruição e a reparação
óssea. Os ossos ficam então pouco
resistentes e incapazes de suportar pequenos traumatismos.
Locomoção
O grande problema da osteoporose é que ela não apresenta sintomas até que ocorra uma fratura.
Um terço das mulheres que atingem 60 anos tem ou teve fraturas
de vértebras ou dos quadris, causadas pelo desgaste dos ossos.
Dessas, 20% morrem nos seis
primeiros meses após a fratura,
por alguma complicação no período pós-operatório. Outras 50%
não conseguem andar sem apoio,
segundo dados da SBO.
É o caso da aposentada Maria
Regina Vasone Prado, 63, presidente do Grupo de Pacientes Artríticos de São Paulo e do Rio de
Janeiro, que já sofreu seis fraturas,
ficou seis meses em uma cadeira
de rodas e tem dificuldades de locomoção por causa da osteoporose e da artrite reumatóide, que ela
diagnosticou aos 38 anos. "Nunca
mais pude bater perna."
Para ela, o governo federal precisa iniciar campanhas de prevenção às doenças reumáticas, que
também levam à osteoporose, como já faz com o câncer de mama e
a Aids. "É muito mais barato para
o país prevenir do que remediar."
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