São Paulo, domingo, 17 de março de 2002

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SAÚDE

Osteoporose terá tratamento único

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Médicos de várias especialidades vão adotar a partir deste ano uma conduta médica única para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de osteoporose.
A doença, caracterizada pela perda de massa óssea que resulta em ossos fracos propensos a fraturas, atinge uma em cada quatro mulheres acima de 55 anos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Entre os homens, um em cada oito enfrentam o problema. No Brasil, pelo menos 9 milhões de pessoas são portadoras da doença, conforme a SBO (Sociedade Brasileira de Osteoporose).
Sete sociedades médicas brasileiras, que reúnem mais de 40 mil médicos, assinaram um documento chamado "Consenso Brasileiro de Osteoporose", que servirá de guia de orientação da doença. A iniciativa tem o apoio do Ministério da Saúde, do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da Sociedade Médica Brasileira.
Na prática, com a uniformização do atendimento, os médicos terão mais subsídios para orientar suas pacientes sobre a prevenção, que deve começar desde a infância, com a prática de exercícios físicos, a exposição moderada ao sol e a ingestão de cálcio.
Além disso, a expectativa é que, ao reconhecer a doença precocemente, os médicos adotem tratamentos mais adequados.
Segundo o reumatologista Rubem Lederman, presidente da Sociedade Brasileira de Osteoporose, há muitas falhas dos médicos brasileiros tanto no diagnóstico quanto no tratamento das vítimas de osteoporose.
Ele afirma que apenas 38% dos casos da doença são diagnosticados e desses só 30% são efetivamente tratados. "Em um país em que o número de idosos é maior que a população de muitos outros países, é fundamental que o poder público comece a se preocupar."
Segundo o médico Sebastião Radominski, 49, professor de reumatologia da Universidade Federal do Paraná e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, outro grande problema enfrentado pelas vítimas de osteoporose é a dificuldade na aquisição dos medicamentos.
Ele diz que o tratamento mensal não sai por menos de R$ 150, e a rede pública de saúde não fornece os remédios básicos usados no tratamento da doença, como os anti-reabsortivos. Esses remédios impedem que a reabsorção óssea seja maior que a formação de novos ossos e podem reduzir as fraturas em 50% a 70% dos casos.
O osso é uma estrutura viva. Constantemente existem zonas ósseas que são destruídas e substituídas por outras. Após a menopausa, pela falta do hormônio estrógeno, ocorre um desequilíbrio entre a destruição e a reparação óssea. Os ossos ficam então pouco resistentes e incapazes de suportar pequenos traumatismos.

Locomoção
O grande problema da osteoporose é que ela não apresenta sintomas até que ocorra uma fratura. Um terço das mulheres que atingem 60 anos tem ou teve fraturas de vértebras ou dos quadris, causadas pelo desgaste dos ossos.
Dessas, 20% morrem nos seis primeiros meses após a fratura, por alguma complicação no período pós-operatório. Outras 50% não conseguem andar sem apoio, segundo dados da SBO.
É o caso da aposentada Maria Regina Vasone Prado, 63, presidente do Grupo de Pacientes Artríticos de São Paulo e do Rio de Janeiro, que já sofreu seis fraturas, ficou seis meses em uma cadeira de rodas e tem dificuldades de locomoção por causa da osteoporose e da artrite reumatóide, que ela diagnosticou aos 38 anos. "Nunca mais pude bater perna."
Para ela, o governo federal precisa iniciar campanhas de prevenção às doenças reumáticas, que também levam à osteoporose, como já faz com o câncer de mama e a Aids. "É muito mais barato para o país prevenir do que remediar."


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