São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2005

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Fundação recontrata agentes vetados pelo Ministério Público por agressão

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de São Paulo desconsiderou a lista de funcionários problemáticos elaborada pelo Ministério Público e readmitiu ontem agentes apontados como agressores para cargos de chefia na instituição.
Em um projeto de reformulação que prega a retirada dos funcionários acusados de tortura e espancamento, a própria Febem encaminhou uma lista de recontratações para os promotores de Justiça e prometeu excluir os nomes citados como agressores em apurações feitas pelo Ministério Público de São Paulo.
O aval da Promotoria daria credibilidade às recontratações, segundo a própria Febem.
A admissão de funcionários pela fundação, publicada no "Diário Oficial" do Estado ontem, mostrou que essa promessa não está sendo cumprida.
Três dos admitidos tinham sido vetados pela Promotoria da Infância e Juventude de São Paulo porque eram citados como agressores por internos. Mesmo assim, foram admitidos para cargos de coordenador de equipe.
No mês passado, a Febem demitiu 1.751 monitores em quatro complexos -foram substituídos por educadores sociais e agentes de segurança. O anúncio das demissões acirrou a crise na instituição. Foram 17 rebeliões desde o começo do ano.
Dias depois do anúncio das demissões, a instituição anunciou que recontrataria cerca de 380 deles. Esse grupo foi formado a partir das indicações de diretores, que teriam apontado nomes sem antecedentes de agressões.
A Folha publicou que dos recontratados pelos dois são réus em processos criminais que apuram tortura na instituição. Um caso foi revelado ontem e o outro, no mês passado.
Um dos funcionários é réu desde 2001 e outro, desde 2003, mas a Febem alegou não saber desses processos criminais.
A Promotoria da Infância e Juventude de São Paulo já tinha apontado problemas em 35 nomes em uma primeira lista de 163. A Febem, porém, tinha se comprometido a excluir esses nomes das recontratações.
Apesar de problemas anteriores, essa foi a primeira vez que nomes vetados pela Promotoria estão entre os recontratados pela Febem. "É lamentável que isso tenha acontecido. Estávamos tentando colaborar", disse a promotora de Justiça Sueli Riviera. A fundação admitiu a falha.


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