São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ROTA DE FUGA

Libanesa tem prisão decretada pelo Supremo

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O STF (Supremo Tribunal Federal) deu o primeiro passo para a extradição da economista libanesa Rana Abdel Rahim Koleilat, 39, presa desde domingo em São Paulo. O Itamaraty recebeu anteontem da embaixada do Líbano o pedido de prisão preventiva de Koleilat. No mesmo dia, o ministro Eros Grau, do STF, determinou sua reclusão até que o pedido de extradição seja julgado.
Segundo o Itamaraty, o governo libanês tem 60 dias para apresentar a solicitação. Somente depois de recebê-lo, o Ministério da Justiça poderá dar início aos trâmites. O governo brasileiro informou que pretende colaborar para que a extradição seja autorizada.
Koleilat vai permanecer presa enquanto são executados os trâmites legais. Ela foi presa domingo, num hotel na zona norte de São Paulo, por crime de corrupção ativa por policiais da Delegacia Seccional de Itaquera (zona leste), acusada de tentar suborná-los. Teria oferecido US$ 200 mil a eles para não ser detida.
Koleilat responde a processo no Líbano pela suposta participação em uma fraude de US$ 1,2 bilhão, que levou à falência o Banco Al Madina. Há suspeitas de que o dinheiro tenha financiado o atentado que matou o ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri (1992-98 e 2000-2004), em 2005.
Na tarde de ontem, a juíza Luciana Leal Junqueira Vieira, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), órgão do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou o pedido de relaxamento da prisão pela acusação de corrupção ativa.
Na argumentação, a juíza afirmou que Koleilat não tem residência ou emprego fixo no Brasil, além de encontrar-se em situação irregular no país.
Segundo Victor Mauad, advogado da libanesa, ela ficou "transtornada" ao saber da decisão do STF e da Justiça paulista. Transferida no início da semana para o 89º DP, no Portal do Morumbi (zona sul), Koleilat tentou suicídio cortando o pulso. Foi medicada e continuou em reclusão.

Chanceler
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Fawzi Salloukh, afirmou ontem à Folha que não há evidência confirmada de que Koleilat tenha envolvimento com a morte do premiê Hariri.
"É preciso que ela volte para que haja uma investigação, para que a Justiça verifique se existe ligação ou não. Por enquanto, podemos dizer apenas que ela participou de lavagem de dinheiro e de outras fraudes bancárias", disse. Tanto a Justiça libanesa como uma comissão internacional independente (UNIIIC) estabelecida pela ONU investigam o atentado.
Durante a entrevista, o chanceler insistiu várias vezes nos crimes de lavagem de dinheiro. É por esse crime, e não pelo suposto envolvimento na morte de Hariri, que Koleilat é conhecida no Líbano desde 2003 -quando o golpe no Banco Al Madina foi descoberto- segundo o jornalista libanês Raed El Rafei, que cobre o caso para o "Daily Star", diário em língua inglesa publicado em Beirute.


Colaborou Gustavo Chacra


Texto Anterior: Mochila é usada como disfarce para evitar roubo
Próximo Texto: Batom & coturno: Mulher na Casa Militar irrita coronéis
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.