São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2006

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VIOLÊNCIA

Polícia nega onda de crimes em que assassinos incendeiam carros com vítimas

Em 1 mês, 13 corpos foram queimados

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 13 pessoas foram mortas e tiveram seus corpos incendiados pelos assassinos em menos de um mês, em sete crimes diferentes, na capital paulista e em cidades da região metropolitana. As vítimas foram encontradas carbonizadas em carros abandonados na rua. Algumas tinham as mãos amarradas ou algemadas.
A polícia nega a relação entre os crimes e também descarta uma onda de assassinatos com características de crueldade -antes de serem incendiadas, as vítimas levaram vários tiros ou facadas. Mas admite, porém, que a concentração de casos em poucos dias foge da rotina e que o objetivo dos criminosos ao incendiar os carros com as vítimas é dificultar o trabalho de investigação.
Os casos ainda não foram esclarecidos. Para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), as vítimas têm quase sempre o mesmo perfil: a maioria tinha passagem pela polícia e foi morta em um acerto de contas entre quadrilhas, geralmente envolvidas com o tráfico de drogas.
Os sete crimes -entre eles, duas chacinas- ocorreram em locais diferentes: um na zona norte, dois na zona sul e dois na zona leste de São Paulo, um em Suzano e outro em Itaquaquecetuba, municípios da Grande São Paulo.
O primeiro caso ocorreu no dia 20 de fevereiro, quando um corpo foi encontrado no porta-malas de um carro incendiado na marginal Tietê, no Parque Novo Mundo, na zona norte da capital.
O último registro ocorreu na noite de anteontem, na zona leste. O corpo de um homem, com as mãos amarradas para trás, foi encontrado em um carro incendiado na Cidade A. E. Carvalho. Moradores afirmaram terem ouvido tiros antes de encontrarem o veículo em chamas.
O maior número de mortos em um único crime ocorreu no último dia 5, quando cinco corpos foram encontrados em um carro incendiado no Parque Cocaia, na região do Grajaú, zona sul. Foi a primeira chacina na capital paulista nos últimos três anos em que as vítimas tiveram os corpos encontrados em um veículo incendiado. As mortes teriam sido causadas por uma disputa por pontos-de-venda de droga.
"Os criminosos estão vendo muito filme americano. E pensam que, no Brasil, a polícia não vai chegar aos autores do crime se o carro for incendiado. Pode demorar mais tempo, mas vamos chegar ao mesmo resultado", afirmou o delegado Márcio Souza e Silva Dutra, chefe interino da divisão de homicídios do DHPP.


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