São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Mestre Louro e o Carnaval do Salgueiro

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Era Salgueiro doente do coração", o menino nascido no morro que cresceu batucando em família e ganhou fama como Mestre Louro -35 carnavais colecionando prêmios à frente da bateria.
O pai, Iracy Serra, foi compositor e um dos fundadores do Salgueiro. A mãe desfilava na ala das baianas; o irmão Chiquinho esteve, ao lado de Mussum, no grupo Originais do Samba; e o outro, Almir Guineto, é hoje um dos reis do pagode do Rio.
Foi lá no número 57 da rua Junquilhos, no morro do Salgueiro, no Rio -no miolo da escola vermelho e branca-, que Lourival de Souza Serra nasceu e "teve uma infância feliz, de futebol, tocando banjo e violão".
Começou na bateria do Salgueiro aos 24 anos e não esquecia dos grandes carnavais, como o de 1993, que gravou na memória do Brasil os versos ""explode coração, na maior felicidade. É lindo o meu Salgueiro, contagiando e sacudindo esta cidade".
Após ser afastado da escola, em 2003 -"uma injustiça que o matou mais rápido", diz Guineto-, o mestre pensou em se afastar do carnaval, mas aceitou o convite da escola Caprichosos de Pilares, até 2005. Há dois anos estava na Porto da Pedra.
Ao longo de 35 carnavais, foram mais de 200 prêmios. Mas foi com o Salgueiro que ele levou o Estandarte de Ouro como mestre de bateria tantas vezes. No Carnaval desse ano, passou mal na avenida. Era um prenúncio.
Casado, tinha dois filhos e três netos. Morreu na sexta, aos 58, no Rio. Agora, diz o irmão, o céu está em festa, "regada a tamborins e cuícas".

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