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Sumiço de ilha de 20 mil metros quadrados intriga biólogo e governo do Rio
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
O sumiço de uma ilha com
cerca de 20 mil metros quadrados na lagoa da Tijuca, na Barra
da Tijuca (zona oeste do Rio),
intriga ambientalistas e integrantes do governo do Estado
do Rio. Fotos aéreas de 2004
comprovam a existência da
ilha, que desapareceu segundo
as imagens feitas em 2008.
O governo do Estado ainda
não sabe exatamente o que
ocorreu, embora tenha uma
suposição. "Provavelmente a
ilha foi dragada durante a execução de um projeto de melhorias na lagoa", afirma Carlos
Abenza, diretor de recuperação ambiental do Inea (Instituto Estadual do Ambiente).
Ele afirma que esse projeto
foi implantado na gestão de
Rosinha Matheus (2003-2006) e previa várias ações
ambientais, mas foi interrompido para novos estudos. "A retirada da ilha facilita a circulação de água", diz Abenza.
A lagoa recebe água do mar
por meio do canal da Joatinga,
e o projeto previa a abertura de
um outro canal com o mar, no
Recreio dos Bandeirantes.
"Mas surgiu o temor de que,
como a água da lagoa é suja, esse novo canal contaminasse a
praia da Macumba, que fica
perto dali e por enquanto é
muito limpa." Para evitar esse
risco, a abertura do canal foi
descartada. Agora, o Inea
aguarda verba para retomar as
obras. "Dependemos de parceria com a iniciativa privada",
diz o diretor do órgão.
"O problema não é o sumiço
da ilha, praticamente um
amontoado de lama", diz o biólogo Mário Moscatelli. "O que
impressiona é que o governo
ainda tenha dúvidas sobre o
projeto. A dragagem da ilha levou meses, deve haver um registro disso", afirma. Para ele, a
retirada da ilha não representa
perda ambiental considerável,
mas é preciso retomar a limpeza da lagoa. "Ainda existem 6
milhões de metros cúbicos de
lama e lixo ali", diz.
Segundo ele, com maré baixa, a quantidade de água na lagoa se reduz e passa a representar só 20% do conteúdo do
reservatório. "Os outros 80%
são lama e lixo", diz. "Com maré alta, a camada de lixo varia
de cinco a dez centímetros."
Moscatelli diz que essa sujeira causa mau cheiro, reduz o
valor dos imóveis no entorno e
oferece risco à saúde, se alguém tiver contato com a água.
"No Pan pensaram em promover provas aquáticas ali e eu falei: "só se quiserem matar os
competidores'", afirma.
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