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Federais não completam vagas via Enem
MEC estima que ficarão vagos cerca de 10% dos postos disponíveis no sistema que substituiu o vestibular em parte das instituições do país
Ociosidade se soma a uma série de problemas no sistema, como vazamento da prova e divulgação
de gabaritos errados
FÁBIO TAKAHASHI
PATRÍCIA GOMES
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao menos sete universidades
federais que selecionaram seus
calouros por meio do Enem
(Exame Nacional do Ensino
Médio) não conseguiram
preencher todas as suas vagas,
após o fim da seleção organizada pelo Ministério da Educação.
O processo terminou ontem.
Segundo a Folha apurou, a
expectativa do ministério é que
6.000 vagas não tenham sido
preenchidas (pouco mais de
10% de postos no sistema,
equivalente ao vestibular da
Unesp). O balanço oficial será
divulgado hoje. Agora, caberá
às escolas decidir como preencher os postos vagos -o ano letivo já está em curso.
A ociosidade é mais um problema enfrentado pelo sistema
unificado (Sisu) criado no final
de 2009 pelo governo Lula para
substituir o vestibular: houve
vazamento da prova, divulgação de gabaritos errados, cancelamento do exame do meio
do ano e alunos retirados da lista de aprovados.
A sobra de vagas só não foi
maior porque o MEC decidiu
fazer uma chamada extra de
calouros. Inicialmente, seriam
três, mas houve a criação de
uma lista de espera, cujas matrículas acabaram ontem.
Ainda assim, segundo levantamento feito pela Folha, estão
com vagas ociosas as federais
de SP (Unifesp), uma das mais
importantes do país; do Pampa; tecnológica do PR; do Vale
do São Francisco; do Recôncavo Baiano; de Lavras; e de MT.
Elas já decidiram que farão
novas chamadas, com base nas
notas dos alunos no Enem. Cada uma terá um calendário.
O MEC diz que a sobra de vagas não será problemática,
pois, segundo apuração inicial,
só postos pouco concorridos
estão vagos -e ainda poderão
ser preenchidos. No balanço há
vagas do segundo semestre.
Na semana passada, o ministro Fernando Haddad (Educação) disse não estar preocupado com a ociosidade, pois as escolas "chamarão tantas listas
quanto forem necessárias".
Sobre o sistema como um todo, Haddad afirmou: "Os estudantes com quem eu converso
saúdam o sistema, dizem ser
um engenhoso processo de distribuição de vagas".
A ideia da unificação dos processos seletivos era evitar que
os estudantes tivessem de fazer
diversos vestibulares pelo país.
"Desafio pedagógico"
Na Unifesp, quase um terço
dos postos estava vago um dia
antes do encerramento das matrículas. A partir de sábado, haverá nova chamada.
Na federal do Recôncavo
Baiano, uma das dificuldades
foi o prazo de inscrição determinado pelo MEC. Os aprovados foram divulgados no domingo e tiveram apenas dois
dias para a inscrição, presencial
-os campi ficam no interior da
Bahia, sem aeroporto próximo.
A instituição contabilizou ao
menos 50 alunos de SP, MG e
Rio que informaram que não
conseguiriam chegar ao local
no prazo -e desistiram. O lado
positivo do sistema, diz a escola, foi ficar conhecida no país.
Uma das dificuldades a serem enfrentadas pelas universidades é o perfil dos alunos
que ingressarão nos cursos neste momento, já que não tiveram nota suficiente para serem
aprovados em três chamadas
do sistema. "Será um desafio
pedagógico", diz a reitora da
Unipampa, Maria Beatriz Luce.
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