DA REPORTAGEM LOCAL

Surpresa. Para os amigos de infância de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, foi uma surpresa ver o Gordo, como o chamavam, confessando os assassinatos de Glauco e Raoni. "Ele sempre foi um cara tranquilo, boa praça. Nem era daqueles caras que, você sabe, só andam com maconheiros", afirma um.
Sob a condição de não serem identificados, esses amigos contaram que Gordo, na época do colégio, "era bem obeso mesmo". Não teve namorada. O apelido não era para humilhar o garoto. "Era só uma boa descrição dele", afirma um amigo.
Gordo estudava no Colégio Palmares, localizada no bairro de Pinheiros, voltado para o público classe A. A família podia custear as mensalidades -à época, sete anos atrás, na casa dos R$ 1.500. No 2º ano do ensino médio, contudo, ficou claro que Gordo não correspondia ao rigor do Palmares. "Ele era fraco mesmo. Já estava certo que repetiria. Foi transferido para outra escola, mais fraca."
Vários jovens que passaram a adolescência no Palmares lembram-se do amigo como um sujeito que tinha problemas familiares. A mãe, Valéria Sundfeld Nunes, diziam, não tinha condições de criar os dois filhos (Carlos Eduardo e o caçula, Carlos Augusto, um ano mais novo). O pai, Carlos Grecchi Nunes, que mora em Goiânia, deixou-os com os avós.
"A gente sabia que o Gordo tinha uma família diferente, que a mãe dele é doente, mas ainda assim os avós o amavam muito. Não era um largado, não."
Depois do Palmares, Gordo emagreceu e virou Cadu. Entrou em três faculdades (direito, gastronomia e design) e largou todas elas. Acordava tarde, almoçava por volta das 15h e jantava no horário que quisesse. "Meteu-se com uma turma da pesada de Pinheiros. A entrada no Daime fez bem para ele, até parou de beber, fumar e cheirar." Ontem, os amigos trocavam e-mails lamentando a tragédia: "Pena que a gente não pôde ajudar a evitá-la".


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