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Lixeiros fecham acordo e encerram greve
Empresários ofereceram 3,5% de reajuste salarial, contra os 12% reivindicados; trabalho voltou ao normal ontem à noite
Empresas conseguiram que a prefeitura reconhecesse contrato, cujo valor foi contestado pelo ex-prefeito de SP José Serra (PSDB)
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem conseguir o que queriam, os lixeiros de São Paulo,
em greve desde sexta-feira, voltaram ontem ao trabalho, após
um acordo no TRT (Tribunal
Regional do Trabalho).
A proposta das empresas foi
pouco diferente da oferta da semana passada. Mesmo assim, o
Siemaco (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação e Limpeza
Urbana) a aceitou e o trabalho
voltou ao normal à noite.
Se os funcionários não conquistaram suas reivindicações,
a greve serviu para as empresas
conseguirem o que queriam: o
reconhecimento da prefeitura
de que o contrato da coleta de
lixo assinado na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) é
válido e precisa ser cumprido.
Pelo acordo, os funcionários
terão reajuste de 3,5% nos salários, desconto de 1% do salário
para custeio do convênio médico (até o limite de três dependentes, o que dá um total de
4%) e, em 60 dias, passarão a
receber protetor solar.
Na semana passada, as empresas ofereciam 3,11% e desconto de 1,5% do salário para o
convênio médico. O sindicato
pedia 12% de reajuste, subsídio
total do convênio médico, café
da manhã e protetor solar.
André dos Santos Filho, tesoureiro do Siemaco, disse que
a proposta foi aceita porque representa um ganho real. "A média é de três dependentes no
convênio médico. O trabalhador hoje paga 8% do salário e
vai pagar 4%. No total, a gente
calcula que o ganho é de 6% a
7,5% com reajuste e convênio."
O sindicalista reconhece que
essa não é a proposta ideal, mas
a considera "defensável diante
das circunstâncias".
Por "circunstâncias" entenda-se o pano de fundo da greve:
os contratos das empresas com
a prefeitura contestado desde a
campanha eleitoral pelo ex-prefeito e hoje governador, José Serra (PSDB). Marta fez a
concessão por 20 anos para
duas empresas -Loga Ambiental e Ecourbis-, no valor total
de R$ 9,8 bilhões, dos serviços
de coleta e destinação final (envio para os aterros sanitários)
do lixo domiciliar e hospitalar.
Serra considerava o valor
muito alto e viu ainda irregularidades no processo de licitação
e nos contratos. A prefeitura
chegou a elaborar um parecer
jurídico que iria embasar uma
ação de anulação dos contratos.
Desde outubro de 2005, a
prefeitura paga às empresas
menos do que o valor estabelecido no contrato -o custo mensal é de R$ 50,7 milhões, mas o
governo paga R$ 33,6 milhões.
Serra contratou a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) para calcular
quanto o serviço custaria. Esse
estudo embasaria a renegociação, que está suspensa pela prefeitura desde dezembro.
Com o início da greve na sexta, a prefeitura, para se proteger juridicamente, entrou com
ação contra as empresas para
exigir o cumprimento integral
dos contratos, que prevê os detalhes da coleta diária de lixo.
Com esse pedido da prefeitura nas mãos, as empresas se
preparam para ir à Justiça exigir o pagamento integral caso
não haja acordo em 15 dias.
A previsão da Secretaria de
Serviços é que a limpeza da cidade seja regularizada no máximo até quinta-feira. O Siemaco
estima que a situação só voltará
ao normal na sexta-feira.
Enquanto a limpeza não é regularizada, a prefeitura vai
manter o esquema emergencial, pelo qual as empresas de
varrição fazem também a coleta de lixo domiciliar.
Os grevistas não terão descontos em seus salários pelos
dias parados e as empresas garantiram estabilidade de 90
dias para seus funcionários.
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