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Juiz diz que não errou ao soltar estuprador
Luís Miranda, que liberou suspeito de matar seis jovens em Luziânia (GO), afirma que não mudaria "uma vírgula" de sua decisão
Em entrevista, magistrado do DF diz que, para conceder progressão da pena a preso, ele se baseou em exames criminológico e psiquiátrico
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após uma semana de pressões, o juiz Luís Carlos Miranda afirmou ontem que não errou ao soltar o pedreiro que
confessou, segundo a polícia
goiana, ter assassinado seis jovens de Luziânia (GO) entre
dezembro de 2009 e janeiro.
Em sua primeira entrevista
desde a descoberta dos corpos
dos rapazes, o juiz declarou que
não mudaria "uma vírgula" de
sua decisão, pois levou em conta o que estava no processo e
seguiu "estritamente" a lei.
O pedreiro Adimar Jesus da
Silva, 40, que também tinha
RGs com outros dois nomes, havia
deixado a prisão no Distrito Federal beneficiado pela progressão para o regime aberto.
Após ser condenado a 14 anos
de prisão por violentar dois
meninos, ele foi preso em 2005
e solto em dezembro de 2009.
No intervalo de um mês após
sua saída, ocorreram as seis
mortes, segundo a polícia.
"Não podemos garantir que
as pessoas que vamos soltar
não vão cometer crimes. O que
podemos garantir é que teremos cautela e isso nós tivemos", disse Miranda, que é juiz
auxiliar da Vara de Execuções
Penais do Distrito Federal.
Barbárie
Cercado por outros magistrados, Miranda afirmou que
não poderia imaginar que o pedreiro iria cometer os crimes
confessados por ele, segundo a
polícia. "Se na semana que vem
eu soltar alguém que fizer uma
barbárie, eu não posso me responsabilizar por isso", alegou.
O juiz argumentou que levou
em consideração, para conceder a progressão de regime a
Silva, o exame criminológico,
feito no início do cumprimento
da pena (2008), e também exames psicológico e psiquiátrico
realizados no ano passado.
De acordo com Miranda, o
exame psicológico apontou que
o pedreiro se apresentava "com
polidez e coerência de pensamento". O teste psiquiátrico
apontou que Silva não tinha
doença mental nem precisava
se tratar com remédios.
O juiz afirmou também que
outras medidas preventivas foram tomadas por ele no caso
-as saídas temporárias do pedreiro foram atrasadas até que
uma irmã dele comprovasse
que não havia criança em casa.
Miranda disse estar "tranquilo" em relação à decisão tomada, mas triste pela tragédia.
Ele criticou, no entanto, autoridades que "deveriam se portar
com distância em relação ao fato". Durante a semana, diversos
ocupantes de cargos públicos
afirmaram que houve falha do
Judiciário, como o ministro
Luiz Paulo Barreto (Justiça).
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