São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2005

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DIVERSÃO PERIGOSA

Segundo parentes, menino pegou o veículo escondido, na zona norte de SP; outros cinco jovens ficaram feridos

Garoto de 15 bate carro do pai e irmão morre

GILMAR PENTEADO
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um garoto de 15 anos pegou o carro do pai para sair com amigos e se envolveu em um acidente, na madrugada de ontem, que provocou a morte de seu irmão, de 11 anos. Segundo a família, ele pegou o carro sem a permissão do pai.
Outros cinco jovens, todos menores de idade, que também estavam no veículo, ficaram feridos. Apenas um garoto, com 15 anos, continua hospitalizado. Ele teve traumatismo craniano e quebrou a clavícula, mas respirava sem aparelhos e apresentava quadro estável até ontem à noite.
O Fiat Fiorino -que trafegava com dois garotos na cabine e cinco na caçamba- vinha em alta velocidade pela avenida Edu Chaves, no Jaçanã (zona norte de SP), quando rodopiou em uma curva, capotou e se chocou contra o portão de um colégio, segundo o relato de três dos adolescentes que se feriram no acidente.
F., 15, que dirigia o veículo, fugiu do local. Segundo a família, ele apareceu ontem na casa de uma tia em Guarulhos (Grande São Paulo). No boletim de ocorrência feito no 73º DP, ele foi responsabilizado pelo acidente.
A polícia registrou o caso como homicídio culposo (sem intenção). Como se trata de uma infração -crime cometido por um menor no qual é aplicado o Estatuto da Criança e do Adolescente-, o caso foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude.
Mas o pai do garoto, proprietário do carro, pode ainda ser responsabilizado pelo acidente se, durante a investigação, for comprovado que houve negligência.

Sem permissão
Segundo familiares, o jovem pegou sem permissão a chave do carro. O pai, segurança em uma empresa, estaria dormindo. F., o irmão T., 11, e mais um amigo de 14 anos foram até a loja de conveniência de um posto de gasolina localizado na região.
Os três garotos chegaram no posto por volta das 23h, segundo três dos jovens que se feriram levemente no acidente. Ao sair, F. teria oferecido carona para um grupo de amigos. Quatro aceitaram o convite.
O jovem C., 20, no entanto, recusou a carona oferecida pelo amigo. Segundo ele, já se sabia que F. dirigia mal o carro do pai. "Eu disse que não era louco de andar no carro com ele na direção", lembrou C. Contrariado com a recusa, F. teria dito: "Eu sou piloto".
C. contou que ainda foi ironizado por T., que morreria no acidente pouco depois. "Você está com medo", teria dito T. ao amigo, antes subir na caçamba.
Depois de sair do posto, os sete jovens trafegavam pela avenida Edu Chaves quando F. tentou uma ultrapassagem, também segundo o relato à Folha de três dos feridos. F. teria se assustado com um carro vindo da direção contrária, perdeu o controle de seu veículo e capotou.
T. chegou a ser socorrido por uma ambulância, mas não resistiu aos ferimentos. Morreu antes de chegar ao hospital.
Ao ver seu irmão embaixo do veículo, F. voltou correndo para o posto. Ao amigo C., que tinha recusado a carona minutos antes, ele disse que tinha batido o carro e que achava que seu irmão estava morto. Depois disso, não foi mais visto pelos amigos.

Alta velocidade
Não era a primeira vez que F. era visto andando com o carro do pai pela região. Segundo três dos adolescentes que estavam na caçamba do veículo, o jovem já tinha dirigido o veículo por, no mínimo, outras duas vezes.
Os garotos afirmam que, no começo da madrugada de ontem, F. dirigia o carro em alta velocidade. Um dos jovens afirma que, da caçamba, até gritaram para que F. diminuísse o ritmo.
Os jovens negam, porém, que o F. estivesse embriagado. Eles afirmam que, antes de dirigir, o jovem não consumiu bebida alcoólica na loja de conveniência do posto de gasolina.
Latas de cerveja amassadas foram encontradas na rua nas proximidades do acidente. Segundo os jovens, aquele local é usado como lixo por pessoas que consomem bebida no posto.
O boletim de ocorrência feito na polícia não menciona o encontro de nenhuma bebida alcoólica.
Segundo os policiais do 73º DP, F. será ouvido pela Vara da Infância e Juventude de São Paulo. A Polícia Civil informou, ontem à tarde, que desconhecia o paradeiro do garoto.


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