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Onda de assaltos atinge a região dos Jardins
Entre janeiro e a última terça-feira foram registrados 12 roubos e 17 furtos, além de oito tentativas malsucedidas
Medo de represálias de criminosos faz com que muitas das vítimas deixem de registrar boletim de ocorrência na polícia
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A região dos Jardins, área nobre que concentra casas de alto
padrão na zona oeste da cidade
de São Paulo, tem sido alvo de
uma onda de assaltos e furtos.
De janeiro deste ano até a última terça-feira foram registrados 12 assaltos, 17 furtos e oito
tentativas desses crimes nos
bairros Jardim Paulistano, Jardim Paulista, Jardim América e
Jardim Europa.
Em 2006 foram quatro roubos, segundo o movimento
Ame Jardins, que representa os
moradores da região. Entre as
vítimas deste ano está o presidente da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo), Paulo Skaf, que foi alvo
de uma tentativa de assalto.
O Jardim Europa, com 22 casos, e as ruas Portugal, Polônia
e Bucareste, com 8, são os locais
mais visados por criminosos.
O número de crimes informados pela associação é, porém, maior que as queixas registradas na polícia. Medo de
represálias de criminosos e de
expor a lista dos bens perdidos
-que vão de jóias a computadores, passando por dólares e
quadros- faz com que a maioria das vítimas deixe de registrar boletim de ocorrência.
Neste ano, os registros somaram 17 -13 foram no 15º Distrito Policial, no Itaim Bibi, e quatro no 78º DP, nos Jardins.
"Fazer a ocorrência é fundamental. Sem ocorrência não
existe a investigação da polícia.
Mas é complicado porque o
morador tem receio, fica traumatizado. É preciso muitas vezes convencê-lo", afirmou Fábio Sabóia, coordenador-geral
da associação Ame Jardins, que
atende 4.500 imóveis e 30 mil
pessoas daquela região.
A incidência desses crimes
na área tem sido tão alta que, no
15º DP, foi designada uma equipe -formada por um delegado,
um escrivão, e quatro investigadores- apenas para atender
aos moradores da região.
A polícia investiga a possibilidade de um mesmo grupo estar envolvido nos casos. Isso
porque, em dois assaltos relatados à Ame, os ladrões comemoraram o crime tomando champanhe e brindando com taças
das próprias vítimas.
"A sensação é de revolta, especialmente porque a nossa sociedade arca com uma das
maiores cargas tributárias do
planeta. Não é justo que a gente
ainda pague por problemas tão
grandes de segurança, saúde,
educação", afirmou Paulo Skaf,
presidente da Fiesp, vítima de
uma tentativa de assalto no último domingo à noite.
Skaf conta que chegava com a
mulher quando o cachorro começou a latir. Ele abriu a porta
para ver o que era -e deu de cara com um homem armado.
Num impulso, que hoje considera imprudente, trancou a
porta e chamou a polícia.
O delegado titular do 15º DP,
Reinaldo Vicente Castello, suspeita da participação de empregados das famílias e de vigilantes de rua e seguranças das empresas que prestam serviço na
região delimitada pela Ame
Jardins -ao todo, a associação
cadastrou 14. Eles, diz o policial, estariam vendendo informações privilegiadas, como horário de chegada e saída dos
moradores, aos criminosos.
"É muito estranho que uma
região onde as casas têm vigilantes de rua, guaritas, segurança motorizada, cercas elétricas, sistema de monitoramento por câmera de vídeo,
alarmes, portões e muros altos
tenha um aumento tão significativo no número de ocorrências de assaltos e furtos a residências. Alguma coisa está falhando", disse Castello. As
ações ocorrem entre as 5h e as
8h. Não há relato de agressões.
Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE e PAULO SAMPAIO, da Reportagem Local
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