São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Onda de assaltos atinge a região dos Jardins

Entre janeiro e a última terça-feira foram registrados 12 roubos e 17 furtos, além de oito tentativas malsucedidas

Medo de represálias de criminosos faz com que muitas das vítimas deixem de registrar boletim de ocorrência na polícia

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A região dos Jardins, área nobre que concentra casas de alto padrão na zona oeste da cidade de São Paulo, tem sido alvo de uma onda de assaltos e furtos. De janeiro deste ano até a última terça-feira foram registrados 12 assaltos, 17 furtos e oito tentativas desses crimes nos bairros Jardim Paulistano, Jardim Paulista, Jardim América e Jardim Europa. Em 2006 foram quatro roubos, segundo o movimento Ame Jardins, que representa os moradores da região. Entre as vítimas deste ano está o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, que foi alvo de uma tentativa de assalto.
O Jardim Europa, com 22 casos, e as ruas Portugal, Polônia e Bucareste, com 8, são os locais mais visados por criminosos. O número de crimes informados pela associação é, porém, maior que as queixas registradas na polícia. Medo de represálias de criminosos e de expor a lista dos bens perdidos -que vão de jóias a computadores, passando por dólares e quadros- faz com que a maioria das vítimas deixe de registrar boletim de ocorrência. Neste ano, os registros somaram 17 -13 foram no 15º Distrito Policial, no Itaim Bibi, e quatro no 78º DP, nos Jardins. "Fazer a ocorrência é fundamental. Sem ocorrência não existe a investigação da polícia.
Mas é complicado porque o morador tem receio, fica traumatizado. É preciso muitas vezes convencê-lo", afirmou Fábio Sabóia, coordenador-geral da associação Ame Jardins, que atende 4.500 imóveis e 30 mil pessoas daquela região. A incidência desses crimes na área tem sido tão alta que, no 15º DP, foi designada uma equipe -formada por um delegado, um escrivão, e quatro investigadores- apenas para atender aos moradores da região.
A polícia investiga a possibilidade de um mesmo grupo estar envolvido nos casos. Isso porque, em dois assaltos relatados à Ame, os ladrões comemoraram o crime tomando champanhe e brindando com taças das próprias vítimas. "A sensação é de revolta, especialmente porque a nossa sociedade arca com uma das maiores cargas tributárias do planeta. Não é justo que a gente ainda pague por problemas tão grandes de segurança, saúde, educação", afirmou Paulo Skaf, presidente da Fiesp, vítima de uma tentativa de assalto no último domingo à noite.
Skaf conta que chegava com a mulher quando o cachorro começou a latir. Ele abriu a porta para ver o que era -e deu de cara com um homem armado. Num impulso, que hoje considera imprudente, trancou a porta e chamou a polícia. O delegado titular do 15º DP, Reinaldo Vicente Castello, suspeita da participação de empregados das famílias e de vigilantes de rua e seguranças das empresas que prestam serviço na região delimitada pela Ame Jardins -ao todo, a associação cadastrou 14. Eles, diz o policial, estariam vendendo informações privilegiadas, como horário de chegada e saída dos moradores, aos criminosos.
"É muito estranho que uma região onde as casas têm vigilantes de rua, guaritas, segurança motorizada, cercas elétricas, sistema de monitoramento por câmera de vídeo, alarmes, portões e muros altos tenha um aumento tão significativo no número de ocorrências de assaltos e furtos a residências. Alguma coisa está falhando", disse Castello. As ações ocorrem entre as 5h e as 8h. Não há relato de agressões.


Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE e PAULO SAMPAIO, da Reportagem Local


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