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Reprovação escolar no país volta a piorar
Em 2005, índice no ensino médio foi de 11,5%; percentual de alunos que abandonam o ensino fundamental cai mais uma vez
Especialistas dizem que dificuldade de incluir alunos mais carentes é a principal causa para a piora nos indicadores da educação
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
As taxas de reprovação no
ensino médio (antigo colegial)
voltaram a aumentar no Brasil
em 2005, pelo sétimo ano consecutivo desde 1998.
Esse crescimento fez com
que o percentual de 11,5% de
alunos reprovados chegasse
praticamente ao mesmo nível
verificado no início da década
de 90, quando, em 1991, 11,6%
dos estudantes não foram aprovados nesse nível de ensino.
Comportamento muito semelhante foi registrado no ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries), que também vinha em
constante aumento desde 1998
nas taxas de reprovação.
A diferença, no entanto, é
que, no fundamental, o percentual de reprovados ficou estabilizado em 13% em comparação
com 2004.
As taxas acima são calculadas
a partir da "Sinopse Estatística
da Educação Básica", disponibilizada ontem pelo Inep (instituto de pesquisa e avaliação do
MEC) em seu site na internet.
Os dados de reprovação dizem
respeito a 2005 porque as informações do censo escolar são
coletadas em março, portanto,
o censo de 2006 não tem dados
sobre os reprovados no mesmo
ano, mas sim no ano anterior.
A boa notícia é que, num
comportamento oposto ao verificado no caso da reprovação,
o percentual de alunos que
abandonaram os estudos no
ensino fundamental caiu novamente em 2005, chegando a
7,5%. Desde 2000, quando esse
percentual era de 12%, essa taxa vem caindo no fundamental.
O mesmo não acontece no
ensino médio. Desde 1997, o
percentual de jovens que abandonam esse nível de ensino tem
variado bastante, mas sempre
ao redor de 15% e 17%.
Para o matemático pesquisador da área de educação Ruben
Klein, da Fundação Cesgranrio,
a piora no fluxo de aprovação a
partir de 1998 no ensino médio
é um reflexo dos sistemas de
ensino após a significativa queda ocorrida na década de 90.
Ele afirma que, como as taxas
de aprovação e abandono caíram bastante na década passada, mais alunos conseguiram
concluir o ensino fundamental
e chegar ao nível médio.
Esses estudantes, porém,
não conseguiram progredir no
nível médio. É isso, na opinião
de Klein, que explica o fato de o
número de concluintes desse
nível ter estagnado em 1,8 milhão desde 2000.
O aumento da reprovação é
preocupante também porque o
Brasil tem taxas altíssimas
quando comparadas com outros países.
Um relatório da Unesco divulgado em 2006 mostrou que
o percentual de reprovados no
Brasil se assemelhava ao de nações muito pobres, como Moçambique, e era superior inclusive ao de outras bem menos
desenvolvidas, como Camboja,
Haiti ou Ruanda.
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