São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Reprovação escolar no país volta a piorar

Em 2005, índice no ensino médio foi de 11,5%; percentual de alunos que abandonam o ensino fundamental cai mais uma vez

Especialistas dizem que dificuldade de incluir alunos mais carentes é a principal causa para a piora nos indicadores da educação

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

As taxas de reprovação no ensino médio (antigo colegial) voltaram a aumentar no Brasil em 2005, pelo sétimo ano consecutivo desde 1998.
Esse crescimento fez com que o percentual de 11,5% de alunos reprovados chegasse praticamente ao mesmo nível verificado no início da década de 90, quando, em 1991, 11,6% dos estudantes não foram aprovados nesse nível de ensino.
Comportamento muito semelhante foi registrado no ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries), que também vinha em constante aumento desde 1998 nas taxas de reprovação.
A diferença, no entanto, é que, no fundamental, o percentual de reprovados ficou estabilizado em 13% em comparação com 2004.
As taxas acima são calculadas a partir da "Sinopse Estatística da Educação Básica", disponibilizada ontem pelo Inep (instituto de pesquisa e avaliação do MEC) em seu site na internet. Os dados de reprovação dizem respeito a 2005 porque as informações do censo escolar são coletadas em março, portanto, o censo de 2006 não tem dados sobre os reprovados no mesmo ano, mas sim no ano anterior.
A boa notícia é que, num comportamento oposto ao verificado no caso da reprovação, o percentual de alunos que abandonaram os estudos no ensino fundamental caiu novamente em 2005, chegando a 7,5%. Desde 2000, quando esse percentual era de 12%, essa taxa vem caindo no fundamental.
O mesmo não acontece no ensino médio. Desde 1997, o percentual de jovens que abandonam esse nível de ensino tem variado bastante, mas sempre ao redor de 15% e 17%.
Para o matemático pesquisador da área de educação Ruben Klein, da Fundação Cesgranrio, a piora no fluxo de aprovação a partir de 1998 no ensino médio é um reflexo dos sistemas de ensino após a significativa queda ocorrida na década de 90.
Ele afirma que, como as taxas de aprovação e abandono caíram bastante na década passada, mais alunos conseguiram concluir o ensino fundamental e chegar ao nível médio.
Esses estudantes, porém, não conseguiram progredir no nível médio. É isso, na opinião de Klein, que explica o fato de o número de concluintes desse nível ter estagnado em 1,8 milhão desde 2000.
O aumento da reprovação é preocupante também porque o Brasil tem taxas altíssimas quando comparadas com outros países.
Um relatório da Unesco divulgado em 2006 mostrou que o percentual de reprovados no Brasil se assemelhava ao de nações muito pobres, como Moçambique, e era superior inclusive ao de outras bem menos desenvolvidas, como Camboja, Haiti ou Ruanda.


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