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Parente enfrenta problema jurídico
DA SUCURSAL DO RIO
Se a dor da perda cresce com a
não-localização do corpo, o desaparecimento de alguém também
traz entraves jurídicos à família.
É preciso juntar todas as evidências do desaparecimento -como
registro da ocorrência policial e
relatos testemunhais, caso existam- para solicitar à Justiça a
"declaração de ausência".
Especialista em casos de desaparecimentos, o advogado do
grupo Tortura Nunca Mais-RJ,
Paulo Henrique Fagundes, diz
que, com essa declaração, é possível conseguir alguns direitos provisórios, como recebimento de
pensões e tutela de crianças.
O tempo para conseguir a declaração de ausência varia com as
evidências obtidas, explica.
Se existem relatos de pessoas
que presenciaram a morte, por
exemplo, a declaração pode ser
obtida no prazo de um ano. Mas,
sem testemunhos, o resultado pode demorar ainda mais.
Cinco anos após a declaração de
ausência é possível requerer judicialmente o atestado de óbito e a
morte presumida do desaparecido. Nesse atestado, não há a determinação da causa da morte.
Só a declaração de morte presumida dá à família, juridicamente,
uma definição sobre o ocorrido.
"O desaparecimento, sem que
nunca se encontre o corpo, é um
flagelo simbólico para a família,
por prolongar a dor com a incerteza do paradeiro, e também um
flagelo jurídico, por criar problemas que a família às vezes não pode solucionar", afirma Fagundes.
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