São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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EDUCAÇÃO
Pesquisa com 14 mil educadores de escolas particulares foi apresentada no 6º Educaids, encerrado ontem em SP
Falta de estímulo afeta 30% dos professores


AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 30% dos professores das escolas particulares sofrem da síndrome de "burn out", termo em inglês para designar "perda do fogo" ou perda do envolvimento com o trabalho. A pesquisa com 14 mil educadores de todo o país foi apresentada neste final de semana durante o 6º Educaids, Encontro Nacional de Educadores na Prevenção da Aids.
""Burn out" é um sofrimento psicológico resultante do trabalho", diz Wanderley Codo, coordenador do Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília, que realizou a pesquisa. A síndrome atinge especialmente profissões que implicam relações afetivas e se caracteriza por exaustão emocional, despersonalização e baixo comprometimento com a função.
"O professor perde a capacidade de diferenciar os alunos e procura se envolver o mínimo", diz Codo. "O "burn out" é uma desistência simbólica do trabalho. O professor se sente exaurido, mas não abandona a escola porque é um apaixonado pelo que faz."
Os números da atual pesquisa são semelhantes aos de outra, realizada três anos atrás com 52 mil educadores da rede pública. Também são próximos de levantamentos feitos em vários países.
"Valorizar o educador é a única forma de prevenir o "burn out'", diz Codo. Como ensinar exige envolvimento afetivo, e como isso provoca grande desgaste, o Estado e as escolas precisam oferecer estrutura de apoio ao professor.

Aids 3
No encerramento do 6º Educaids, os participantes reivindicaram à Coordenação Nacional de Aids a criação de uma equipe para elaborar material preventivo destinado a crianças de três a oito anos, e para os portadores de necessidades especiais, como deficientes auditivos e visuais.
Na plenária final, os educadores também pediram a participação da sociedade civil na elaboração do Projeto Aids 3, que começa a ser negociado com o Banco Mundial. O projeto define o financiamento das ações de prevenção e combate à Aids para os próximos anos em todo o país.
Em outra frente, a Apta -ONG que organiza o Educaids- está colocando na internet uma página com todas as instituições que trabalham com Aids e educação. "A intenção é estimular as iniciativas e facilitar a troca e experiências", diz Terezinha Reis Pinto, coordenadora do Educaids.


Página da Apta: www.apta.org.br



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