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São Paulo volta a enfrentar motins do PCC
Um mês após os ataques da facção criminosa, 3 rebeliões foram deflagradas quase ao mesmo tempo ontem no interior
Essa é a primeira onda de tumultos enfrentada pelo novo secretário de presídios, Antonio Ferreira Pinto; um preso foi morto por colegas
DA AGÊNCIA FOLHA
DA FOLHA RIBEIRÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês depois da onda de
violência promovida pelo PCC
(Primeiro Comando da Capital), que provocou a queda do
secretário responsável pelos
presídios, o governo de São
Paulo voltou a enfrentar ontem
rebeliões em série em suas penitenciárias sob o comando da
facção criminosa.
Foram três motins iniciados
quase ao mesmo tempo no interior paulista, no começo da
tarde. Um preso morreu, assassinado por outros detentos. Pelo menos 19 funcionários foram
feitos reféns.
Apenas uma das rebeliões tinha sido encerrada até ontem à
noite. Em outros dois presídios,
a negociação foi suspensa, por
volta das 21h, e deve ser retomada na manhã de hoje.
Essa é a primeira rebelião em
série enfrentada pelo novo secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira
Pinto. Ele assumiu o cargo no
final de maio, depois da saída
de Nagashi Furukawa. O ex-secretário deixou a pasta em
meio a acusações de que teria
feito um acordo com o PCC para acabar com a onda de violência. No mês passado, presos de
73 presídios se rebelaram.
Nos motins de ontem, a secretaria disse que os presos não
apresentaram reivindicações.
Advogados de detentos e agentes penitenciários confirmaram, no entanto, que as ações
foram um protesto contra a internação do líder máximo do
PCC, Marcos Willians Herbas
Camacho, o Marcola, no regime
disciplinar diferenciado, e contra as condições de detentos
transferidos para a penitenciária de Presidente Venceslau
(620 km de São Paulo). No mês
passado, 765 presos, supostos
líderes do PCC, foram transferidos para aquela unidade.
Motins
Na Penitenciária 2 de Itirapina (213 km de São Paulo), os
presos se rebelaram por volta
das 13h30. Pelo menos um detento morreu. Três agentes foram feitos reféns, segundo o
coordenador regional do Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), Alcides Carlos da Silva Júnior.
A Secretaria da Administração Penitenciária confirmou a
morte do preso, que teria sido
assassinado por colegas, mas
não deu informações sobre feridos ou reféns.
Segundo Silva Júnior, a rebelião é liderada por integrantes
do PCC descontentes com o rigor do regime de prisão ao qual
Marcola é submetido.
Na Penitenciária 1 de Mirandópolis (607 km de São Paulo),
a rebelião começou às 13h45 e
os presos fizeram seis agentes
reféns. Os detentos destruíram
o prédio, atearam fogo em colchões e derrubaram quase todas as portas. Agentes afirmaram à reportagem que os presos se rebelaram em solidariedade a líderes do PCC presos
em Presidente Venceslau.
A rebelião foi controlada por
volta das 18h30 de ontem, com
a entrada da Tropa de Choque
da Polícia Militar.
Em Araraquara (273 km de
SP), os presos fizeram reféns
nove agentes e um médico, por
volta das 14h. Segundo o presidente do Sifuspesp, João Rinaldo, um dos funcionários foi
amarrado a um colchão e os
presos ameaçaram colocar fogo. Um agente foi liberado às
18h, após ser agredido e desmaiar.
(MAURÍCIO SIMIONATO, CRISTIANO MACHADO, MARIA FERNANDA RIBEIRO E GILMAR PENTEADO)
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