São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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São Paulo volta a enfrentar motins do PCC

Um mês após os ataques da facção criminosa, 3 rebeliões foram deflagradas quase ao mesmo tempo ontem no interior

Essa é a primeira onda de tumultos enfrentada pelo novo secretário de presídios, Antonio Ferreira Pinto; um preso foi morto por colegas


DA AGÊNCIA FOLHA
DA FOLHA RIBEIRÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mês depois da onda de violência promovida pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), que provocou a queda do secretário responsável pelos presídios, o governo de São Paulo voltou a enfrentar ontem rebeliões em série em suas penitenciárias sob o comando da facção criminosa.
Foram três motins iniciados quase ao mesmo tempo no interior paulista, no começo da tarde. Um preso morreu, assassinado por outros detentos. Pelo menos 19 funcionários foram feitos reféns.
Apenas uma das rebeliões tinha sido encerrada até ontem à noite. Em outros dois presídios, a negociação foi suspensa, por volta das 21h, e deve ser retomada na manhã de hoje.
Essa é a primeira rebelião em série enfrentada pelo novo secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto. Ele assumiu o cargo no final de maio, depois da saída de Nagashi Furukawa. O ex-secretário deixou a pasta em meio a acusações de que teria feito um acordo com o PCC para acabar com a onda de violência. No mês passado, presos de 73 presídios se rebelaram.
Nos motins de ontem, a secretaria disse que os presos não apresentaram reivindicações. Advogados de detentos e agentes penitenciários confirmaram, no entanto, que as ações foram um protesto contra a internação do líder máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, no regime disciplinar diferenciado, e contra as condições de detentos transferidos para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km de São Paulo). No mês passado, 765 presos, supostos líderes do PCC, foram transferidos para aquela unidade.

Motins
Na Penitenciária 2 de Itirapina (213 km de São Paulo), os presos se rebelaram por volta das 13h30. Pelo menos um detento morreu. Três agentes foram feitos reféns, segundo o coordenador regional do Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), Alcides Carlos da Silva Júnior.
A Secretaria da Administração Penitenciária confirmou a morte do preso, que teria sido assassinado por colegas, mas não deu informações sobre feridos ou reféns.
Segundo Silva Júnior, a rebelião é liderada por integrantes do PCC descontentes com o rigor do regime de prisão ao qual Marcola é submetido.
Na Penitenciária 1 de Mirandópolis (607 km de São Paulo), a rebelião começou às 13h45 e os presos fizeram seis agentes reféns. Os detentos destruíram o prédio, atearam fogo em colchões e derrubaram quase todas as portas. Agentes afirmaram à reportagem que os presos se rebelaram em solidariedade a líderes do PCC presos em Presidente Venceslau.
A rebelião foi controlada por volta das 18h30 de ontem, com a entrada da Tropa de Choque da Polícia Militar.
Em Araraquara (273 km de SP), os presos fizeram reféns nove agentes e um médico, por volta das 14h. Segundo o presidente do Sifuspesp, João Rinaldo, um dos funcionários foi amarrado a um colchão e os presos ameaçaram colocar fogo. Um agente foi liberado às 18h, após ser agredido e desmaiar. (MAURÍCIO SIMIONATO, CRISTIANO MACHADO, MARIA FERNANDA RIBEIRO E GILMAR PENTEADO)

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