Cartazes anunciavam lançamento de revista e traziam caricatura de homem com nariz de palhaço e alguma semelhança com prefeito João Henrique Carneiro

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Cinco outdoors com críticas à Prefeitura de Salvador foram retirados nesta semana de pontos estratégicos da cidade.
Os cartazes anunciavam o lançamento de uma revista gratuita cujo responsável é o radialista Mário Kertész, ex-prefeito de Salvador (1979-1981 e 1986-1989). Mostravam a caricatura de um homem com nariz de palhaço e as inscrições "A cidade no buraco -Salvador afunda em dívidas, lixo e bagunça".
A caricatura do outdoor traz alguma semelhança com o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB).
Quatro dos dez outdoors da campanha foram retirados na quarta-feira pela A. Linhares, empresa que detém a concessão dos pontos de outdoor usados pela revista.
De acordo com funcionários que participaram da retirada, a medida foi tomada após diretores da empresa receberem ligação do gabinete do prefeito.
A prefeitura negou que tenha ordenado o recolhimento dos anúncios. No entanto, a secretária municipal do Planejamento, Katia Carmelo, informou que há um decreto na cidade que "proíbe anúncios que fazem chacota com a moral pública e com instituições".
A retirada das placas foi suspensa após pressão de moradores e políticos contrários à decisão da prefeitura.
Em seu programa de rádio, Kertész comparou Carneiro ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez -que não renovou a concessão da TV mais popular do país-, e disse que o prefeito quer "acabar com a liberdade de expressão em Salvador".
Por meio de sua assessoria, Carneiro disse que "repudia qualquer boato" sobre eventual interferência da prefeitura na retirada das placas publicitárias e que, quando ele se sente ofendido, recorre à Justiça.
Kertész disse que entrou na Justiça pedindo a volta dos anúncios. "Os espaços são públicos, mas os anúncios, privados. Paguei pelo produto e quero vê-lo exposto", afirmou. Uma placa de outdoor em bairros nobres de Salvador custa, em média, R$ 1.500 por 15 dias.
A Folha não conseguiu contato com a empresa A. Linhares para comentar o assunto.


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