IAGO BOLÍVAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A inauguração, ontem, de um monumento de aço com nove metros de altura e de um memorial de granito em homenagem ao centenário da imigração colocou mais dois marcos japoneses na entrada do terminal de passageiros do aeroporto de Guarulhos.
Instalados no gramado, eles vão fazer companhia aos outdoors da Toyota, Sony e Yamaha na avenida em frente -símbolos da economia japonesa, que atrai descendentes a fazer, pelo aeroporto, o caminho inverso ao dos antepassados.
As vidas dos criadores das obras ilustram a mudança da relação entre os dois países ao longo do século 20. A artista plástica Tomie Ohtake, 94, veio para o Brasil em 1936, em uma época de instabilidade econômica e política no Japão.
Convidada a fazer o monumento, ela escolheu a forma estilizada de um abraço. "É um abraço a todos que vão chegar a São Paulo de avião", disse.
O memorial de granito, localizado atrás da escultura, foi projetado por Mauro Okada, 34, e Angela Yogi, 26, netos de imigrantes japoneses e estudantes do quarto ano de arquitetura na Unicsul.
A inspiração para o memorial veio de um monumento de Hiroshima, em homenagem às vítimas da bomba atômica.
O custo da construção do monumento de Tomie Ohtake -cerca de R$ 350 mil- foi bancado por empresas.
Assistente da artista, o arquiteto Jorge Utsunomiya previa fazer a obra em seis meses, mas só teve dois, por falta de dinheiro. "Essa é a nossa parte brasileira, já, né?", disse, rindo.
O memorial custou R$ 120 mil, que foram pagos por 190 patrocinadores -a maioria descendentes de imigrantes. Os nomes dos doadores de recursos estão em 14 placas dispostas em círculo que formam o memorial.
Outra obra de Tomie Ohtake vai ser inaugurada em Santos, no litoral paulista, no dia 21, com a presença do príncipe herdeiro do Japão, Naruhito. Ele chega amanhã ao Brasil e será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em cerimônia no Palácio do Planalto, Naruhito e Lula lançarão uma moeda e um selo comemorativo dos cem anos de imigração japonesa para o Brasil.