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Nova boate de SP só aceita cliente após avaliar "pedigree"
Circuito para consumidores AAA acaba de ganhar mais 3 casas, 2 delas nesta semana
A B4 só aceita sócios, que têm de ser aprovados por conselho ou convidados; na Blue Pepper, entrada para homens custa R$ 300
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando uma garrafa de
champanhe Veuve Clicquot de
três litros (R$ 3.000 -ou R$ 1
por mililitro) deixa o balcão da
boate Blue Pepper, a luz do ambiente cai, como em um semiblecaute. O teto e a mesa começam a piscar alucinadamente e
a bebida é servida entre palitos
de fósforo de cor.
"Todo mundo da casa vai ficar prestando atenção no foguinho e falar: Pô, esse cara [que
comprou a garrafa] fez desligar
a casa quatros vezes nesta noite", explica Ahmad Yassin, 28,
sócio com o irmão Mohamad,
25, da casa inaugurada ontem,
nos Jardins.
Longe dos debates sobre os
problemas econômicos mundiais -tanto mais sobre os nacionais-, prolifera em São Paulo um circuito de boates de altíssimo luxo, focadas em jovens
da classe chamada por publicitários de "A-gargalhada", devido ao som dos repetidos "As".
Também ontem, o Itaim Bibi
ganhou outra casa desse nicho,
a "pré-balada" B4 (ou "before"
-"antes", em inglês), que só
poderá ser frequentada por
"members" (membros). Para
ser um deles, é preciso ser convidado ou se inscrever e ser
aprovado por um conselho.
Entre os sócios, estão os filhos do arquiteto João Armentano e do estilista Ricardo Almeida, que faz os ternos do presidente Lula.
Apesar da gratuidade, o público-alvo é semelhante ao da
Blue Pepper, que cobra entrada
masculina de R$ 300 -em visitas de DJs internacionais, o
preço pode chegar a R$ 1.000.
Maria Antonieta
Na semana passada, figurinhas da noite como o jogador
de polo Ricardo Mansur lançaram a Mokai, com consumação
mínima de R$ 220 para homens. Segundo o atleta, o local
foi projetado para não "cair na
mesmice do muito chique".
"O diretor de arte criou um
tema super inovador: o luxo
que veio do lixo", diz Mansur.
Tradução: na entrada, os sapatos dos convidados tocam pisos
de ônibus. Nos banheiros, há
projeções de striptease no teto.
Nas cortinas, estampas com a
rainha Maria Antonieta.
Quem se dirige a essas baladas precisa ficar atento ao risco
de ser barrado. "Tem que selecionar, senão cai o padrão da
casa", diz Mansur, citando a
fórmula da mais longeva boate
jovem top da cidade, a Disco.
Fundada em 2000, a casa cobra R$ 5.950 pela garrafa de 1,5
litro de champanhe Cristal.
Outra fonte de inspiração das
novatas é a Pink Elephant,
inaugurada em dezembro, que
tem atraído celebridades como
o jogador Ronaldo, do Corinthians, já filmado ali com uma
jovem nos ombros.
Apesar da publicidade do flagra, essas casas tentam criar
um clima de privacidade para
atrair celebridades, como também fazem, entre outros, o Bar
Secreto (onde a cantora Madonna conheceu Jesus Luz),
em Pinheiros, e o Royal, no
centro da cidade.
Truques tecnológicos também são chamariz. No Club A,
que será aberto em agosto, com
investimento anunciado de R$
6 milhões, haverá 15 mesas sensíveis ao toque, em tecnologia
semelhante à dos iPods.
Na hora de fechar a conta, as
mesas mostrarão imagens dos
itens consumidos na noite, que
os clientes poderão arrastar
com os dedos até reproduções
de seus cartões de crédito.
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