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EDUCAÇÃO
Estudo da UFMG usou dados do Provão e de rendimento semestral; alunos de escolas públicas se concentram à noite
Qualidade independe de horário de curso
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Estudo realizado pela diretoria
de Avaliação Institucional da
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais) concluiu que a
qualidade dos cursos noturnos
oferecidos pela instituição é a
mesma que a dos cursos diurnos.
Em alguns casos, o desempenho
dos alunos noturnos, a maior parte oriunda de escolas públicas, é
até melhor do que os dos cursos
diurnos.
"A suposição de que os alunos
dos cursos noturnos teriam desempenho pior, porque são os
que têm capital cultural mais baixo e a maioria fez escola pública,
não se verificou", disse Maria do
Carmo de Lacerda Peixoto, diretora de Avaliação Institucional.
O levantamento reforça a decisão de maio de 2003 do Conselho
Universitário da UFMG de investir mais nos cursos noturnos, como forma de democratizar o acesso à universidade pública, embora isso não isente a instituição de
debater a questão das cotas, disse
Lacerda Peixoto.
O estudo está amparado em
duas análises: nas médias dos resultados obtidos no Exame Nacional de Cursos (o Provão do
MEC) de 1997 a 2002 e no RSG
(rendimento semestral global),
calculado a partir do rendimento
dos estudantes em todas as disciplinas no mesmo período.
A pesquisa comparou as notas
dos provões realizados pelos estudantes de nove cursos diurnos e
noturnos. Pelo RSG, foram oito
cursos analisados.
Pelo rendimento semestral, alunos noturnos de química, física e
pedagogia se saíram melhor que
os colegas do turno diurno. No
Provão, os alunos da noite de letras, história e direito tiveram melhor resultado. Nos cursos com
rendimento menor, a diferença
média não foi tão significativa.
A UFMG oferece atualmente 13
cursos noturnos e mais 46 diurnos. São 2.850 alunos noturnos, o
que representa 12,8% do total na
graduação. É à noite que os estudantes vindos das escolas públicas médias se concentram mais.
Assustador
"Avaliando o curso noturno
com o diurno, o acréscimo de alunos provenientes de escola pública é uma coisa assustadora", disse
Lacerda Peixoto, que deu exemplos: em 2003, na engenharia mecânica noturna eram 63% de alunos oriundos de escola pública,
contra 23% na diurna. Em ciências biológicas, eram 70% no noturno e 25% no diurno.
"E eu estou pegando cursos
mais concorridos. A própria
clientela que se inscreve para o
vestibular representa percentual
mais elevado de ensino de escola
pública, não tem cota que garanta
70% de escola pública", afirmou a
diretora.
A diretora disse que o estudo reforça a política de ampliação dos
cursos noturnos, sem deixar de
discutir as cotas, até porque há
cursos como medicina, medicina
veterinária e odontologia que, pelas suas características, só funcionariam bem no turno diurno.
As cotas também seriam importantes para garantir o ingresso de
alunos oriundos de escolas públicas em cursos que têm baixa representação desses estudantes.
Trabalho realizado pela UFMG
no ano passado mostra que em 14
cursos oferecidos pela universidade o contingente de egressos da
escola pública era inferior a 30%.
Em outros 15 cursos variava entre
30% e 50%. A maioria dos cursos
(27) tinham mais de 50%.
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