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SEGURANÇA
Governadora regulamenta lei que cria recompensa a policiais civis e militares pela apreensão de armas de fogo
Rio paga até R$ 1.000 por arma apreendida
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A governadora do Rio, Rosinha
Matheus (PMDB), assinou ontem
decreto regulamentando a lei que
institui recompensa aos policiais
civis e militares pela apreensão de
armas de fogo.
Proposta do secretário de Segurança em exercício, Marcelo Itagiba, a lei prevê pagamento entre R$
100 e R$ 1.000, dependendo do tipo da arma apreendida. A recompensa é extensiva a todo cidadão
que, voluntariamente, entregar a
sua arma.
Anteontem, o governo federal
deu início à campanha que paga
entre R$ 100 e R$ 300 a todo cidadão que entregar armas nas delegacias da Polícia Federal.
Até junho deste ano, de acordo
com as estatísticas divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública, foram apreendidas no Rio
6.820 armas. Se todas as armas
fossem revólveres, cujo pagamento será o mais baixo (R$ 100), o
Estado já teria gasto R$ 682 mil
com as recompensas aos policiais,
caso a lei estivesse em vigor.
Por causa dos baixos salários, o
presidente da Associação de Oficiais da PM, Paulo Monteiro, acha
válida a "gratificação". O salário
de um soldado é de cerca de R$
800. Um PM que apreender um
fuzil (R$ 600) ganhará pela
apreensão quase o valor do salário de um mês inteiro de trabalho.
Caso a arma seja apreendida
por mais de um policial, a recompensa será dividida. O valor máximo de R$ 1.000 será pago a armas
"de características excepcionais",
por determinação do secretário
de Segurança. A recompensa será
paga a cada 60 dias.
O coordenador da área de controle de armas da ONG Viva Rio,
Antônio Rangel, disse não ser
"simpático à idéia de pagar por algo que é obrigação do policial".
Por outro lado, afirmou, é a favor
de uma medida que vai "estimular a apreensão de armas".
"Há muita corrupção no meio
policial. Eles recolhem armas com
uns bandidos e revendem para
outros", disse. Rangel afirmou
que a experiência foi bem-sucedida em Curitiba (PR). "Os homicídios caíram 31% desde que começaram a pagar pelas armas."
Desde o início do ano, a Secretaria de Segurança paranaense paga
R$ 100 por arma, em prêmio único, a policiais e civis. Como a Folha divulgou ontem, o Paraná
acumula dívida de R$ 1,2 milhão
em indenizações. O secretário da
Segurança Pública do Estado,
Luiz Carlos Delazari, disse anteontem que o governo vai liberar
R$ 500 mil na próxima semana
para parte dos pagamentos.
O titular da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos do
Rio, delegado Carlos Oliveira, disse acreditar que o estímulo financeiro fará com que policiais se
empenhem mais, mesmo que a
recompensa seja mais baixa do
que o valor das armas no mercado
negro. Investigações da polícia
dão conta de que traficantes compram revólveres por até R$ 200,
pistolas por cerca de R$ 400 e fuzis
por até R$ 10.000.
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