São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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1 ano após avião da TAM cair, parentes protestam

Familiares de vítimas da tragédia querem responsabilizar Anac, TAM e Infraero

Grupo se reúne com o delegado que cuida do caso; ao lado de Congonhas, no local do acidente, haverá homenagens e protestos


CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há exatamente um ano, 199 pessoas morreram na avenida Washington Luís (zona sul), depois que um Airbus da TAM não conseguiu pousar em Congonhas e bateu em um prédio da empresa. Familiares pedem a responsabilização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), da TAM e da Infraero (estatal que administra os aeroportos) pelo acidente, o maior da história da aviação nacional.
Hoje, cerca de 300 parentes -entre eles algumas das 150 crianças órfãs- devem participar de homenagens e protestos no local do acidente. A homenagem será a entrega de flores no terreno atingido em 17 de julho de 2007. No sábado haverá missa e, no domingo, espetáculo beneficente na Sala São Paulo. Sobre o protesto, a associação mantém segredo.
Às 14h, o grupo se reúne com o delegado que cuida do inquérito, Antonio Carlos Barbosa. "Ele deve reforçar o que já sabemos: a Anac errou, a Infraero errou e a TAM errou", diz a publicitária Luciana Haensel, 25, filha da psicóloga Angela Haensel, 51, morta na tragédia.
A Anac é acusada pelos familiares de não fiscalizar a própria norma que exigia os sistemas de freio em dia para pousos em Congonhas. A TAM, de desrespeitar a norma e autorizar o pouso do Airbus-A320 que estava com um dos reversores desligados. A Infraero, por abrir o aeroporto apesar de notificações do dia anterior apontarem pista escorregadia.
"Nós sempre pedimos esclarecimento e justiça. Acho que os fatos já foram esclarecidos. Agora só falta justiça", diz Archelau Xavier, vice-presidente da Afavitam (Associação de Familiares e Amigos das Vítimas da TAM). Ele é pai de Paula Masseran de Arruda Xavier, 23, uma das passageiras mortas. O objetivo, diz Xavier, é "punir os culpados" pela tragédia.

Mais uma morte
Ontem, os primeiros parentes a se reunir em um hotel tiveram mais um motivo para o luto. O delegado Jair Cesário, pai da advogada Priscila Bertoldi Silva, 31, que estava no vôo, morreu de infarto. No enterro, no cemitério da Vila Mariana, mesmo quem pouco o conhecia se emocionou por ficar de novo em torno de um caixão.
"Só de saber que ele sentiu uma dor como a nossa já dá vontade de chorar", comentou Monica Laudares, irmã de Marta Maria Franco Laudares de Almeida, 63, que também estava no avião. "Estamos todos mexidos com a data."
Com os corpos e objetos identificados aos poucos, ao longo de semanas, foram feitos 195 enterros -o bebê Levi Leão, 1, o gerente de vinícola Ivalino Bonato, 54, a comissária Michelle Leite, 26, e o consultor de marketing Andrei François Mello, 42, não tiveram funeral porque não havia nada para identificá-los.
A Anac, a Infraero e a TAM dizem aguardar a conclusão do inquérito para se pronunciar. Ontem, uma liminar deu aos familiares o direito de viajar às custas da TAM. A Afavitam promove encontros mensais. "Isso é o único sentido da minha vida", diz Luciana Haensel, que antes da morte da mãe já havia perdido o pai, doente.
A TAM informa em boletins de assistências às vítimas que já emitiu 4.190 passagens aos familiares e gastou R$ 11,4 milhões em despesas com hospedagem e alimentação. A empresa também paga 633 planos de saúde e psicólogos.

Indenizações
Segundo a TAM, foram fechados 79 acordos de indenização de familiares. A Afavitam diz que há dez processos na Justiça brasileira e 70 na americana. Desde abril, há também uma Câmara de Indenização que tenta agilizar processos com o auxílio da Promotoria.


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