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1 ano após avião da TAM cair, parentes protestam
Familiares de vítimas da tragédia querem responsabilizar Anac, TAM e Infraero
Grupo se reúne com o delegado que cuida do caso; ao lado de Congonhas, no local do acidente, haverá homenagens e protestos
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há exatamente um ano, 199
pessoas morreram na avenida
Washington Luís (zona sul),
depois que um Airbus da TAM
não conseguiu pousar em Congonhas e bateu em um prédio
da empresa. Familiares pedem
a responsabilização da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), da TAM e da Infraero
(estatal que administra os aeroportos) pelo acidente, o maior
da história da aviação nacional.
Hoje, cerca de 300 parentes
-entre eles algumas das 150
crianças órfãs- devem participar de homenagens e protestos
no local do acidente. A homenagem será a entrega de flores
no terreno atingido em 17 de julho de 2007. No sábado haverá
missa e, no domingo, espetáculo beneficente na Sala São Paulo. Sobre o protesto, a associação mantém segredo.
Às 14h, o grupo se reúne com
o delegado que cuida do inquérito, Antonio Carlos Barbosa.
"Ele deve reforçar o que já sabemos: a Anac errou, a Infraero
errou e a TAM errou", diz a publicitária Luciana Haensel, 25,
filha da psicóloga Angela Haensel, 51, morta na tragédia.
A Anac é acusada pelos familiares de não fiscalizar a própria
norma que exigia os sistemas
de freio em dia para pousos em
Congonhas. A TAM, de desrespeitar a norma e autorizar o
pouso do Airbus-A320 que estava com um dos reversores
desligados. A Infraero, por
abrir o aeroporto apesar de notificações do dia anterior apontarem pista escorregadia.
"Nós sempre pedimos esclarecimento e justiça. Acho que
os fatos já foram esclarecidos.
Agora só falta justiça", diz Archelau Xavier, vice-presidente
da Afavitam (Associação de Familiares e Amigos das Vítimas
da TAM). Ele é pai de Paula
Masseran de Arruda Xavier, 23,
uma das passageiras mortas. O
objetivo, diz Xavier, é "punir os
culpados" pela tragédia.
Mais uma morte
Ontem, os primeiros parentes a se reunir em um hotel tiveram mais um motivo para o
luto. O delegado Jair Cesário,
pai da advogada Priscila Bertoldi Silva, 31, que estava no vôo,
morreu de infarto. No enterro,
no cemitério da Vila Mariana,
mesmo quem pouco o conhecia
se emocionou por ficar de novo
em torno de um caixão.
"Só de saber que ele sentiu
uma dor como a nossa já dá
vontade de chorar", comentou
Monica Laudares, irmã de
Marta Maria Franco Laudares
de Almeida, 63, que também
estava no avião. "Estamos todos mexidos com a data."
Com os corpos e objetos
identificados aos poucos, ao
longo de semanas, foram feitos
195 enterros -o bebê Levi
Leão, 1, o gerente de vinícola
Ivalino Bonato, 54, a comissária Michelle Leite, 26, e o consultor de marketing Andrei
François Mello, 42, não tiveram funeral porque não havia
nada para identificá-los.
A Anac, a Infraero e a TAM
dizem aguardar a conclusão do
inquérito para se pronunciar.
Ontem, uma liminar deu aos familiares o direito de viajar às
custas da TAM. A Afavitam
promove encontros mensais.
"Isso é o único sentido da minha vida", diz Luciana Haensel,
que antes da morte da mãe já
havia perdido o pai, doente.
A TAM informa em boletins
de assistências às vítimas que já
emitiu 4.190 passagens aos familiares e gastou R$ 11,4 milhões em despesas com hospedagem e alimentação. A empresa também paga 633 planos de
saúde e psicólogos.
Indenizações
Segundo a TAM, foram fechados 79 acordos de indenização de familiares. A Afavitam
diz que há dez processos na
Justiça brasileira e 70 na americana. Desde abril, há também
uma Câmara de Indenização
que tenta agilizar processos
com o auxílio da Promotoria.
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