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BENEDICTO ARTHUR SAMPAIO (1925-2009)
Um psiquiatra que realizou o sonho de estudar
filosofia
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Benedicto Arthur Sampaio
queria estudar filosofia, mas a
família era toda de médicos e
ele acabou optando por medicina mesmo.
Como psiquiatra, foi fazer
especialização na França, onde ele e a mulher Suzanna
costumavam andar por diversas regiões reconhecendo as
paisagens descritas por Marcel Proust, que gostavam de
ler juntos, como ela conta.
Foram casados por 54 anos.
Benedicto pegou uma época de muitas mudanças em
sua área profissional: viu surgirem novos tratamentos e
acompanhou o desenvolvimento dos psicotrópicos.
Trabalhou no hospital do
Juquery, deu aulas na Escola
Paulista de Medicina e se dedicou a uma clínica que montou com quatro amigos, em
Santo André (SP), onde priorizava pacientes pobres.
Era um homem de esquerda. Por seu envolvimento
com a ALN (Ação Libertadora
Nacional), foi preso -por 11
meses- no fim dos anos 60.
Quando saiu, partiu para a Escócia, país em que viveu por
quatro anos e meio.
Desde o fim dos anos 70,
dedicava-se a estudar filosofia, realizando seu velho desejo. Lançou um livro sobre
marxismo com o professor da
USP Celso Frederico.
"Totalmente desprovido de
vaidades", como o descreve a
mulher, gostava de viajar e de
música clássica.
Morreu sábado, aos 84, em
consequência de um AVC
(acidente vascular cerebral).
Deixa viúva, três filhas e três
netos. A missa de sétimo dia é
hoje, às 10h, na igreja São Domingos, em São Paulo.
coluna.obituario@uol.com.br
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