São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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BENEDICTO ARTHUR SAMPAIO (1925-2009)

Um psiquiatra que realizou o sonho de estudar filosofia

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Benedicto Arthur Sampaio queria estudar filosofia, mas a família era toda de médicos e ele acabou optando por medicina mesmo. Como psiquiatra, foi fazer especialização na França, onde ele e a mulher Suzanna costumavam andar por diversas regiões reconhecendo as paisagens descritas por Marcel Proust, que gostavam de ler juntos, como ela conta.
Foram casados por 54 anos. Benedicto pegou uma época de muitas mudanças em sua área profissional: viu surgirem novos tratamentos e acompanhou o desenvolvimento dos psicotrópicos. Trabalhou no hospital do Juquery, deu aulas na Escola Paulista de Medicina e se dedicou a uma clínica que montou com quatro amigos, em Santo André (SP), onde priorizava pacientes pobres. Era um homem de esquerda. Por seu envolvimento com a ALN (Ação Libertadora Nacional), foi preso -por 11 meses- no fim dos anos 60.
Quando saiu, partiu para a Escócia, país em que viveu por quatro anos e meio. Desde o fim dos anos 70, dedicava-se a estudar filosofia, realizando seu velho desejo. Lançou um livro sobre marxismo com o professor da USP Celso Frederico. "Totalmente desprovido de vaidades", como o descreve a mulher, gostava de viajar e de música clássica.
Morreu sábado, aos 84, em consequência de um AVC (acidente vascular cerebral). Deixa viúva, três filhas e três netos. A missa de sétimo dia é hoje, às 10h, na igreja São Domingos, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br


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