São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011

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Corredor de ônibus completa 1 ano com estado "sofrível"

Após décadas de espera, pista exclusiva do Brooklin acumula problemas reconhecidos pelo próprio Estado

Falta de manutenção e de fiscalização, ônibus à direita ou no ritmo de um rato deixam cenário ruim para todo mundo

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

O corredor de ônibus Brooklin-Diadema, ligação do shopping Morumbi ao ABC paulista, já havia entrado para a história de São Paulo pela demora de mais de duas décadas para ser construído.
Agora, prestes a completar um ano de funcionamento, com trajetos municipais e intermunicipais, já virou um símbolo de como não deve funcionar uma faixa exclusiva de ônibus: ruim tanto para quem anda de transporte coletivo como de automóvel.
Mesmo com a presença do corredor à esquerda, 40% dos mais de 350 ônibus municipais em vias como Cupecê, Vereador João de Luca, Vicente Rao e Roque Petroni Jr. seguem pela direita, agravando os engarrafamentos.
Na faixa que deveria ser exclusiva dos coletivos, não há radar para os infratores.
A invasão do espaço por carros e motos é generalizada -sexta-feira de manhã, três motociclistas morreram em pleno corredor, atingidos por um ônibus desgovernado que invadiu a contramão.
Não é à toa que, segundo a Metra, concessionária dos ônibus intermunicipais entre Diadema e São Paulo, a velocidade nos picos se limita a 11 km/h -metade do que seria ideal, um ritmo que pode ser alcançado até por um rato.
Para completar, a manutenção do corredor Brooklin-Diadema está num estado definido como "bastante sofrível" pelo próprio Estado -responsável pela obra. Há solapamentos e trincas, grades e luminárias quebradas.
"Contraria tudo aquilo que se espera de um corredor de ônibus. Gastou-se dinheiro para manter tudo mais ou menos como antes", afirma Jaime Waisman, especialista e professor da USP.

ANOS 80
O corredor começou a ser feito na segunda metade dos anos 80. Retomada em 2006, a obra foi entregue em 2010, a dois meses das eleições.
A construção custou R$ 28,5 milhões. Na época, fazia mais de três anos que a capital não recebia uma nova pista exclusiva de ônibus -a última, do Expresso Tiradentes, ex-Fura-Fila, tinha sido inaugurada em 2007.
Pela proposta original, devia ser operado com trólebus, até para evitar poluição. Agora, a ideia está sendo revista, e a maioria circula a diesel.
Nos picos, é possível perceber ônibus enfileirados atrás de outros veículos -nem táxis poderiam usá-lo.
Pelo corredor são transportados 165 mil passageiros por dia. Pelas mesmas vias, sem ser na pista exclusiva, outros 145 mil. Fora do rush, há mais gente nos pontos do lado direito que do esquerdo.
"A programação das linhas municipais e intermunicipais não é casada. Fica um ônibus atrás do outro, às vezes vazios", diz Fabrizio Braga, diretor da Metra, que mantém velocidade de 21 km/h nos picos no corredor São Mateus-Jabaquara.


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