São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Metrô recua e nega plano para elevar tarifa

Negativa ocorre um dia depois de o presidente da companhia dizer que até já expôs ao governador a necessidade de reajuste

Em entrevista gravada, Luiz Carlos Frayze David citou o valor de R$ 2,30 e disse que o defenderia pela própria sobrevivência da empresa


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Metrô de São Paulo decidiu negar oficialmente ontem que negocie a elevação da tarifa de R$ 2,10 para R$ 2,30. A companhia informou, por meio de nota, que "não há data prevista" para aumento "nem antes nem depois das eleições". A negativa do Metrô se deu um dia depois de Luiz Carlos Frayze David, 58, presidente da companhia, dizer, em entrevista gravada à Folha, que já havia inclusive exposto a necessidade de reajuste ao governador. As declarações de David foram vistas com preocupação no PSDB, que teme repercussão negativa nas campanhas de Geraldo Alckmin (Presidência) e José Serra (governo paulista). O comunicado da assessoria de imprensa diz que "a política tarifária do Metrô é definida pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos", pasta cujo titular, Jurandir Fernandes, não deu entrevista ontem. A assessoria de imprensa do governador Cláudio Lembo (PFL) foi contatada ontem para comentar a possibilidade de reajuste na tarifa de transporte coletivo e quando isso ocorreria, mas não deu respostas. O trecho da entrevista na qual David cita a necessidade de aumento segue abaixo:

 

FOLHA - Pela remuneração do concessionário [da linha 4], ele teria direito hoje a R$ 2 por passageiro?
LUIZ CARLOS FRAYZE DAVID -
Nós iniciamos esse processo com R$ 2,08. Para simplificar, hoje nós teríamos que pagar ao concessionário algo em torno de..... estou indo pelo que o sindicato falou....[consulta uma pessoa ao lado]... R$ 2,23.

FOLHA - Por passageiro?
DAVID -
Por passageiro. Agora, faz um ano e oito meses que a tarifa do Metrô não é reajustada. Nós vamos lutar desesperadamente, como empresa, até para continuar existindo, que a tarifa do Metrô seja reajustada. Essa tarifa do Metrô reajustada pode suplantar esse valor. Suplantado, ele estaria recebendo menos do que a tarifa do Metrô.

FOLHA - Esse reajuste da tarifa vocês acreditam que possa acontecer quando?
DAVID -
Eu queria que tivesse acontecido ontem, mas não depende do presidente do Metrô.

FOLHA - Mas como estão as negociações? Estão avançadas?
DAVID -
Não vamos ser hipócritas, é muito difícil num ano eleitoral conseguir um reajuste da tarifa às vésperas da eleição. Eu até entendo isso.

FOLHA - Mas hoje você acredita que precisaria subir a tarifa para quanto?
DAVID -
Para R$ 2,30.

FOLHA - Para R$ 2,30?
DAVID -
É.

FOLHA - Daí sobraria R$ 0,07....
DAVID -
Não existe almoço de graça. Se você não reajusta a tarifa, alguém tem que pagar.

FOLHA - Acredita que essa decisão vai ficar para o próximo governo ou acredita que ainda no final do ano...
DAVID -
Não depende do David.

FOLHA - Mas você já expôs essa necessidade ao governador?
DAVID -
Olha, já expus. O governador conhece esse assunto. Mas quem fixa a nossa tarifa é o secretário dos Transportes Metropolitanos, que também tem as dificuldades que a gente pode imaginar.


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