Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Metrô recua e nega plano para elevar tarifa
Negativa ocorre um dia depois de o presidente da companhia dizer que até já expôs ao governador a necessidade de reajuste
Em entrevista gravada, Luiz Carlos Frayze David citou o valor de R$ 2,30 e disse que o defenderia pela própria sobrevivência da empresa
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Metrô de São Paulo decidiu
negar oficialmente ontem que
negocie a elevação da tarifa de
R$ 2,10 para R$ 2,30.
A companhia informou, por
meio de nota, que "não há data
prevista" para aumento "nem
antes nem depois das eleições".
A negativa do Metrô se deu
um dia depois de Luiz Carlos
Frayze David, 58, presidente da
companhia, dizer, em entrevista gravada à Folha, que já havia
inclusive exposto a necessidade de reajuste ao governador.
As declarações de David foram vistas com preocupação
no PSDB, que teme repercussão negativa nas campanhas de
Geraldo Alckmin (Presidência)
e José Serra (governo paulista).
O comunicado da assessoria
de imprensa diz que "a política
tarifária do Metrô é definida
pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos", pasta cujo
titular, Jurandir Fernandes,
não deu entrevista ontem.
A assessoria de imprensa do
governador Cláudio Lembo
(PFL) foi contatada ontem para comentar a possibilidade de
reajuste na tarifa de transporte
coletivo e quando isso ocorreria, mas não deu respostas.
O trecho da entrevista na
qual David cita a necessidade
de aumento segue abaixo:
FOLHA - Pela remuneração do concessionário [da linha 4], ele teria direito hoje a R$ 2 por passageiro?
LUIZ CARLOS FRAYZE DAVID - Nós
iniciamos esse processo com
R$ 2,08. Para simplificar, hoje
nós teríamos que pagar ao concessionário algo em torno de.....
estou indo pelo que o sindicato
falou....[consulta uma pessoa ao
lado]... R$ 2,23.
FOLHA - Por passageiro?
DAVID - Por passageiro.
Agora, faz um ano e oito meses que a tarifa do Metrô não é
reajustada. Nós vamos lutar desesperadamente, como empresa, até para continuar existindo, que a tarifa do Metrô seja
reajustada. Essa tarifa do Metrô reajustada pode suplantar
esse valor. Suplantado, ele estaria recebendo menos do que a
tarifa do Metrô.
FOLHA - Esse reajuste da tarifa vocês acreditam que possa acontecer
quando?
DAVID - Eu queria que tivesse
acontecido ontem, mas não depende do presidente do Metrô.
FOLHA - Mas como estão as negociações? Estão avançadas?
DAVID - Não vamos ser hipócritas, é muito difícil num ano
eleitoral conseguir um reajuste
da tarifa às vésperas da eleição.
Eu até entendo isso.
FOLHA - Mas hoje você acredita
que precisaria subir a tarifa para
quanto?
DAVID - Para R$ 2,30.
FOLHA - Para R$ 2,30?
DAVID - É.
FOLHA - Daí sobraria R$ 0,07....
DAVID - Não existe almoço de
graça. Se você não reajusta a tarifa, alguém tem que pagar.
FOLHA - Acredita que essa decisão
vai ficar para o próximo governo ou
acredita que ainda no final do ano...
DAVID - Não depende do David.
FOLHA - Mas você já expôs essa necessidade ao governador?
DAVID - Olha, já expus. O governador conhece esse assunto.
Mas quem fixa a nossa tarifa é o
secretário dos Transportes Metropolitanos, que também tem
as dificuldades que a gente pode imaginar.
Texto Anterior: Bilhete único com nome será entregue Próximo Texto: Promotoria quer que sindicato pague R$ 500 mil por danos da paralisação Índice
|