São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Texto Anterior | Índice

Entrevista

Categoria diz que greve não foi política

DA REPORTAGEM LOCAL

Flávio Montesinos Godoi, 55, entrou no Metrô de São Paulo há 31 anos, mas desde 1989 está afastado das funções para se tornar um dos líderes do sindicato da categoria. Filiado ao PC do B, ele passou de diretor a presidente da entidade em 2001. O poder por lá é dividido entre alas ligadas também ao PT, PSOL, PSTU e PSB. Godoi comandará até novembro de 2007 a categoria que deixou 1,6 milhão de passageiros sem transporte anteontem, para protestar contra a concessão da linha 4 do Metrô à iniciativa privada por 30 anos. À Folha, ele fez um balanço ontem sobre a possibilidade de reajuste da tarifa no Metrô e sobre os transtornos causados pela paralisação da categoria.

 

FOLHA - Qual é a avaliação do sindicato sobre um eventual aumento da tarifa do metrô?
FLÁVIO MONTESINOS GODOI -
O Estado tem que injetar dinheiro no transporte. A direção do Metrô acha que não deve porque fica dependente do Estado. Não querem ficar dependentes do Estado, mas querem ficar dependentes da iniciativa privada, com a linha 4. O Metrô não tem que dar lucro financeiro. O lucro que ele deve dar é social. Hoje as classes D e E não andam de metrô nem de ônibus. Há uma política de tarifa de exclusão.

FOLHA - Para quando vocês apostam na alta da tarifa?
GODOI -
Não é para este ano eleitoral. Por que não aumenta a tarifa agora se está tão deficitário? Eles é que fazem um processo político. Eles vão deixar para aumentar em janeiro.

FOLHA - O movimento de vocês também foi político.
GODOI -
É verdade que é uma greve, um movimento político, mas por defesas de políticas públicas.

FOLHA - A proximidade das eleições não interferiu?
GODOI -
Não nos preocupamos com essas críticas porque não estamos nessa luta neste ano. Começamos em 2004.

FOLHA - Mas a greve ocorreu só agora.
GODOI -
Nós estamos ameaçando essa greve desde março. Viemos protelando porque havia liminares favoráveis.


Texto Anterior: Promotoria quer que sindicato pague R$ 500 mil por danos da paralisação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.