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SP ganha quase 900 caminhões por mês
Emplacamento diário de veículos pesados na cidade subiu de 17, em 2007, para 29 nos meses de junho e julho deste ano
Crescimento de 74% no
número de novos caminhões
que entram em circulação foi
maior na cidade do que no
restante do Estado (36%)
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem quiser sentir os benefícios da restrição ao transporte
de cargas no trânsito de São
Paulo tem que correr -a cada
dia serão menos perceptíveis.
Enquanto transportadores,
motoristas e moradores discutiam nas últimas semanas as
vantagens e as desvantagens de
limitar as entregas na região
central das 5h às 21h, bandeira
do prefeito Gilberto Kassab
(DEM), a capital paulista ganhava 29 caminhões por dia.
A cada mês, quase 900, o suficiente para lotar duas faixas de
tráfego em toda a extensão de
uma avenida como a Paulista.
O ritmo de crescimento dessa frota pesada está acelerado
-e não há expectativa que seja
inibido no curto prazo.
Nos meses de junho e julho,
período em que a prefeitura debatia e implantava as restrições
aos caminhões, ele foi 74% superior à média de 2007 -quando a cidade de São Paulo emplacava menos de 17 por dia.
As explicações do fenômeno
estão na rotina da Expresso Mirassol, que faz, dentre outras,
entregas de peças para a indústria automobilística no Estado.
Nos últimos meses, a empresa decidiu elevar a frota em 15%
ao adquirir mais 60 caminhões.
Parte em razão do fechamento de novos contratos, ligados
ao aquecimento econômico do
setor no país. Parte por conta
da nova restrição paulistana.
"Do total, 20% está sendo comprado devido ao rodízio nas
marginais", afirma Dalton Rodrigues Salgueiro, diretor de
operações da empresa.
Sinal amarelo
O crescimento acelerado da
frota de caminhões na cidade
de São Paulo, que já supera 163
mil, acendeu um novo sinal
amarelo nas perspectivas futuras dos engarrafamentos.
"O benefício se esvai pelo
tempo. Se ficar só nessa restrição, daqui a pouco não valerá
de nada", diz Jaime Waisman,
engenheiro e professor da USP.
Embora defensor do limite
aos caminhões adotado por
Kassab, ele prega a importância
de montar centros de distribuição para organizar as cargas.
Assim como Waisman, outros técnicos avaliam que a
maior parte da explosão da frota dos veículos pesados está ligada à economia, mas admitem
a influência do "efeito rodízio"
ou da restrição de São Paulo.
A evolução da frota dos veículos pesados emplacados pelo
Detran (Departamento Estadual de Trânsito) nos últimos
dois meses trouxe duas peculiaridades em relação à tendência verificada nos últimos anos.
Primeira: ela foi muito maior
na cidade do que no restante do
Estado, cujo ritmo de crescimento esteve 36% superior ao
do ano passado. Segunda: a alta
de 0,56% em um mês se igualou, proporcionalmente, ao aumento da frota de automóveis.
Um balanço parcial feito pela
Folha apontou que os engarrafamentos aferidos pela CET
durante a manhã tiveram queda de 32% em julho e de 17%
neste mês em relação a 2007.
Mas, no período da tarde e da
noite, a redução se limitou a 7%
no mês passado e, em agosto, a
lentidão subiu 5% -agravada
provavelmente pela chuva.
O especialista Horácio Augusto Figueira avalia que, diante do crescimento da frota (não
só de caminhões), em novembro a capital já terá de volta seu
patamar de engarrafamento
pré-restrição às cargas.
"Construir viaduto, tirar caminhão, isso tudo é coisa que
dura alguns meses e não resolve nada", avalia Figueira.
Para Flávio Benatti, presidente NTC & Logística (associação do transporte de cargas), a alta acelerada da frota de
caminhões é resultado de um
fenômeno que já se esperava.
"É uma tendência de adaptação e substituição da frota. Os
efeitos da restrição e do rodízio
não são duradouros", afirma.
"Houve correria em cima dos
veículos menores e para igualar a quantidade de placas",
avalia Francisco Pelucio, do
Setcesp (sindicato dos transportadores), em referência ao
fato de a restrição na área central permitir, das 10h às 16h,
caminhões pequenos com placas de final par em dias pares e
de final ímpar em dias ímpares.
Para Alcides Cavalcanti, diretor da Iveco, as vendas aumentaram tanto no setor de caminhões de grande porte, usados no transporte de grandes
cargas industriais, como no de
camionetes, que ficam de fora
das restrições na capital e fazem as entregas urbanas.
"As empresas estão renovando a frota e preferindo tecnologias mais modernas para baixar
os custos operacionais, já que a
manutenção é mais barata para
caminhões novos", declara.
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