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Em gravação, delegado-geral é citado por investigador preso
DA REPORTAGEM LOCAL
O investigador Ivan Raymondi
Barbosa, um dos quatro policiais
civis presos por suposta participação em uma rede de corrupção,
afirmou, em escuta telefônica feita pela Procuradoria da República
de Brasília, que o delegado-geral
da Polícia Civil paulista, Marco
Antonio Desgualdo, também recebia propina do maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, conhecido como Lobão.
A informação partiu da CPI da
Pirataria da Câmara dos Deputados, que ouviu nos últimos dois
dias, em São Paulo, quatro policiais supostamente envolvidos no
esquema -entre eles, Barbosa.
Entre as cerca de 40 mil conversas gravadas pela Procuradoria da
República de Brasília nos últimos
nove meses aparecem escutas de
telefonemas de Barbosa.
Segundo relatório sobre uma
dessas escutas, o investigador
afirmou, em conversa com outro
policial, que a equipe da qual fazia
parte -do 33º DP (Pirituba)- tinha mexido com uma pessoa que
daria um "carnê mensal" ao delegado-geral. Essa pessoa, segundo
a CPI, seria Lobão, preso no último dia 3.
"Não há acusação comprovada
contra o delegado-geral. Há citações sobre ele nas escutas. Mas é
preciso investigar", afirmou o
presidente da CPI da Pirataria,
deputado Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP).
Segundo a CPI, as afirmações de
Barbosa surgiram depois que ele,
o delegado Nicola Romanini
-que também teve prisão decretada-, e outros policiais foram
remanejados do 33º DP após uma
tentativa de extorquir dinheiro de
Lobão, no ano passado.
O desmembramento da equipe
e a transferência para outros distritos seria, segundo a CPI, uma
"punição" determinada por Lobão pelo fato de os policiais pedirem US$ 40 mil para liberar dois
caminhões carregados com cigarros contrabandeados.
Plano
Nas escutas telefônicas, Barbosa
chega a citar apelidos de outros
delegados que seriam ligados ao
comando da polícia e que também participariam de um esquema de distribuição de propina.
O investigador fala ainda de um
plano arquitetado em fevereiro
passado para tentar pressionar o
comando da polícia a reunir novamente a equipe do 33º DP. Segundo a CPI, Barbosa queria se
encontrar com Lobão e gravar a
conversa com uma microcâmera.
Nessa conversa, o investigador
tentaria fazer com que o contrabandista citasse nomes de policiais do segundo e primeiro escalão que receberiam propina.
Barbosa chegou, segundo a CPI,
a pedir a um delegado números
de telefone de funcionários de
uma emissora de televisão para
tentar conseguir o equipamento e
divulgar a conversa, caso a chantagem não desse certo.
As escutas não revelam se a filmagem da conversa chegou a ser
feita pelo investigador.
Ontem, Barbosa prestava depoimento à CPI quando foi questionado sobre essa suposta tentativa de chantagem. Ele não respondeu e disse que, dali em diante, só iria falar em juízo.
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