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CRIME ORGANIZADO
Acusações contra sócio das redes Satyricon e Capricciosa são de associação para o tráfico e lavagem de dinheiro
PF vai indiciar dono de restaurantes no Rio
JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO
O italiano Vladimiro Leopardi
-que aparece nos contratos sociais como dono dos restaurantes
de luxo das redes Satyricon e Capricciosa- será indiciado pela
Polícia Federal sob a acusação de
associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, afirmou o delegado Ronaldo Urbano,
diretor da CGPRE (Coordenação
Geral de Polícia de Repressão a
Entorpecentes) da PF em Brasília.
Sandra Tolpiakow, sócia de Vladimiro nos restaurantes, foi presa,
ontem à noite, pela PF, depois de
mandado expedido pelo juiz José
Godinho Filho, da 11ª Vara Federal Criminal de Goiás.
Tolpiakow é sócia de Leopardi
nos restaurantes freqüentados pela classe média alta. O Satyricon
tem filiais em Ipanema e em Búzios; a Capricciosa em Ipanema,
Jardim Botânico e Copacabana.
Conhecido como Miro, Leopardi aparece em escutas telefônicas
da PF, feitas com autorização da
Justiça, conversando com José
Antônio Palinhos Jorge Pereira,
que seria o organizador, no Brasil,
de uma rede de distribuição de
cocaína colombiana para Portugal, desmantelada anteontem.
Nas conversas, Palinhos combina com Miro remessas de dinheiro para investimentos nas redes
de restaurantes, inclusive para a
inauguração da boate Capital, que
está sendo construída na lagoa
Rodrigo de Freitas (zona sul).
Ontem, agentes federais fizeram
busca e apreensão no apartamento de Miro, em Ipanema.
Sandra teve um relacionamento
com Palinhos, com quem tem
dois filhos, mas disse não ter nenhuma relação comercial com ele.
A PF irá pedir o seqüestro judicial dos bens da organização, que
seria chefiada internacionalmente pelo empresário português Antônio dos Santos Damaso.
Além de Palinhos e Damaso, foram presas mais cinco pessoas. A
oitava pessoa da quadrilha a ser
presa foi a doleira Odete Guglielmo Gastaldi, que se apresentou
voluntariamente na Superintendência da PF em São Paulo. Ela é
acusada de ser responsável pela
lavagem do dinheiro que a quadrilha enviava para o país, após
receber o pagamento pela droga.
Na noite de anteontem, uma
lancha de nome Senna, de propriedade de Palinhos, foi apreendida em Búzios.
Também foram apreendidos
750 mil e US$ 50 mil na cobertura
de luxo na avenida Lúcio Costa,
Barra da Tijuca, condomínio
Ocean Front Resort, que pertence
a Antônio Damaso. O imóvel está
avaliado em R$ 6 milhões.
Pelo menos sete empresas que
pertencem a pessoas investigadas
pela operação Caravelas estão na
mira da PF para terem pedidos de
seqüestro judicial de seus bens.
No apartamento de Palinhos,
em Ipanema, foram apreendidos,
ontem, uma pistola Taurus, calibre 380, sem registro e documentos brasileiros e portugueses.
Os carros de Palinhos foram
avaliados em R$ 1 milhão. São
dois Cherokee, um Audi, uma
Fiorino, um Golf, um Mercedes-Benz e um Porsche Carrera, do
qual a blindagem custou R$ 160
mil, pagos à vista.
Em um dos grampos da PF, Palinhos comenta com um amigo o
preço da blindagem: "Me custou
uma mixaria", disse ele, que também comprou a lancha Senna.
Palinhos tem, no Rio, Goiás e
Mato Grosso, imóveis avaliados
em R$ 1 bilhão, incluindo fazendas, uma mansão em Búzios e oito apartamentos em Ipanema.
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