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Questão é sobre direito de escolha, diz procurador
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Destacado para representar
o Ministério Público Federal
na audiência pública promovida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para debater a interrupção da gravidez em caso
de feto anencéfalo, o subprocurador-geral da República Mário
José Gisi disse ontem que o
ponto principal na questão é o
direito de escolha da mulher e
que os credos religiosos ou morais não podem se sobrepor a
este entendimento.
Gisi foi destacado pelo procurador-geral da República,
Antonio Fernando Souza, para
acompanhar a audiência pública, que teve ontem sua quarta e
última sessão. "Espera-se que
esta corte assegure os valores
mais caros à democracia, que
formatam o Estado, para regular as relações entre os cidadãos, mas sem admitir a imposição de valores do espírito."
Trata-se de uma mudança radical, porém não definitiva,
pois o pronunciamento válido
do Ministério Público caberá à
Procuradoria Geral. Destoa,
porém, do entendimento anterior, de 2004, apresentado pelo
então procurador-geral, Claudio Fonteles, contrário à possibilidade de interrupção da gravidez em caso de anencéfalos.
Souza deverá apresentar sua
opinião sobre o caso antes de o
ministro relator da matéria no
STF, Marco Aurélio Mello, pronunciar o seu voto, cujo teor já
é conhecidamente favorável à
tese defendida pela CNTS
(Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Saúde), de
que deve ser de livre escolha da
mulher interromper a gravidez
no caso de anencefalia, pois não
configuraria aborto, na medida
em que estaria confirmada a
morte cerebral.
Marco Aurélio sinalizou que
o julgamento da causa deve ficar para o próximo ano. Antes,
ele acreditava ser possível votar
a questão ainda em novembro.
Souza informou, por sua assessoria, que a posição de Gisi
"é pessoal e que a Procuradoria
Geral se manifestará oportunamente nos autos".
Na sessão de ontem, a ministra Nilcéa Freire (Secretaria
Especial de Políticas para as
Mulheres), que falou como presidente do Conselho Nacional
dos Direitos da Mulher, disse
que essa interrupção da gravidez "deve ser um direito de escolha das mães". Contrária à tese, a obstetra Elizabeth Cerqueira disse que a intenção da
discussão é chegar ao aborto.
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