São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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GAETANO MIANI (1920-2009)

O italiano que gostava de pintar a natureza brasileira

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

No mês anterior a sua morte, Gaetano Miani viajou à cidade de Troina (região italiana da Sicília) para inaugurar um museu com sua obra.
Há 50 anos o artista não voltava à cidade, onde nasceu.
Filho de pais camponeses, teve que lutar para exercer seu talento -chegou a ter os óculos quebrados para deixar de desenhar e se concentrar na colheita de amêndoas.
Um dia, revoltado, quebrou a ferramenta de trabalho e foi mandado embora pelos patrões. Foi estudar arte em Palermo e Milão e, aos 26, uma editora publicou uma monografia sobre seu trabalho.
No ano seguinte, veio ao Brasil fazer uma exposição e ficou por 22 anos. Gostava de pintar a natureza brasileira -fez um painel sobre a floresta amazônica de 20 metros de largura, que está exposto no museu inaugurado em Troina.
Deu aulas no Masp. Pintou afrescos de igrejas no interior de São Paulo e em Minas Gerais. Montou uma galeria em São Paulo onde ficavam as obras que encontrava até pelas ruas -entre elas um Goya. Na vitrine, quadros religiosos atraíam fiéis que se ajoelhavam para rezar.
Em 1969, a ditadura militar fez a família voltar à Itália. Morava em Roma até a última sexta, quando morreu aos 89 vítima de um infarto. Deixou a mulher, Maria, três filhos, cinco netos e uma bisneta.
A filha Mariella conta que quando ele estava morrendo disse à família que via uma "luz fantástica" e a imagem dele ao alto com sua Maria aos pés, como nos afrescos que costumava pintar.

coluna.obituario@uol.com.br


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