|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GAETANO MIANI (1920-2009)
O italiano que gostava de pintar a natureza brasileira
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
No mês anterior a sua morte, Gaetano Miani viajou à cidade de Troina (região italiana da Sicília) para inaugurar
um museu com sua obra.
Há 50 anos o artista não
voltava à cidade, onde nasceu.
Filho de pais camponeses, teve que lutar para exercer seu
talento -chegou a ter os óculos quebrados para deixar de
desenhar e se concentrar na
colheita de amêndoas.
Um dia, revoltado, quebrou
a ferramenta de trabalho e foi
mandado embora pelos patrões. Foi estudar arte em Palermo e Milão e, aos 26, uma
editora publicou uma monografia sobre seu trabalho.
No ano seguinte, veio ao
Brasil fazer uma exposição e
ficou por 22 anos. Gostava de
pintar a natureza brasileira
-fez um painel sobre a floresta amazônica de 20 metros de
largura, que está exposto no
museu inaugurado em Troina.
Deu aulas no Masp. Pintou
afrescos de igrejas no interior
de São Paulo e em Minas Gerais. Montou uma galeria em
São Paulo onde ficavam as
obras que encontrava até pelas
ruas -entre elas um Goya. Na
vitrine, quadros religiosos
atraíam fiéis que se ajoelhavam para rezar.
Em 1969, a ditadura militar
fez a família voltar à Itália. Morava em Roma até a última
sexta, quando morreu aos 89
vítima de um infarto. Deixou a
mulher, Maria, três filhos, cinco netos e uma bisneta.
A filha Mariella conta que
quando ele estava morrendo
disse à família que via uma
"luz fantástica" e a imagem dele ao alto com sua Maria aos
pés, como nos afrescos que
costumava pintar.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Câmara aprova mais verba para educação Índice
|