São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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Médico foge de blitz, bate, atropela e mata

Segundo a polícia, motorista tinha sinais de embriaguez após ser perseguido e preso em BH; ele se negou a fazer o teste do bafômetro

Mulher morta era catadora de latinhas e estava na calçada; o advogado do atropelador, que vai ser indiciado, não foi localizado

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Um médico residente da Santa Casa de Belo Horizonte foi preso ontem após fugir de uma blitz policial, bater em outros carros e atropelar e matar uma mulher na calçada. Fellipe Ferreira Vale, 29, foi preso em flagrante e, segundo policiais, mostrava sinais de embriaguez.
A mulher atropelada era catadora de latinhas na região oeste da capital mineira, onde a perseguição ao carro do médico terminou. Ela estava sem documentos e não tinha sido identificada até a tarde de ontem.
Outras três pessoas ficaram levemente feridas durante a perseguição: o passageiro de um veículo atingido, um policial e um agente de trânsito.
Fellipe Vale se negou a fazer o teste do bafômetro e, por isso, foi conduzido à tarde para exame toxicológico no IML (Instituto Médico Legal), onde também não permitiu que fosse retirado sangue para o teste.
A delegada Cláudia Nacif disse que o médico será indiciado sob suspeita de homicídio doloso -caso em que há intenção de matar ou quando o suspeito assume risco de provocar danos. Pode responder ainda por lesões corporais e crimes de trânsito, como direção perigosa.
De acordo com a delegada Nacif, como não cabe fiança para esse tipo de delito, Vale prestaria depoimento ainda ontem na Delegacia de Acidentes de Veículos de BH e, então, seria levado para um centro de prisão provisória.
A perseguição ao Polo dirigido pelo médico teve início às 7h53. De acordo com a PM, ele não obedecera à ordem para parar em uma blitz de rotina na região central e por pouco não feriu gravemente um policial.
Vale fugiu do local em alta velocidade e avançou sinais de trânsito. Segundo a polícia, ele atingiu carros da PM e da BHTrans (empresa municipal de transporte e trânsito), bateu em um ônibus e, a seguir, atropelou e matou a mulher.
O médico continuou dirigindo e só parou o carro após bater em um Siena no bairro Prado.
A Folha não conseguiu localizar o advogado do médico, José Arthur Kalil. Segundo a polícia, ele acompanhava o depoimento de Vale no início da noite de ontem e, por isso, não pôde falar.
Vale tem registrados no seu prontuário de trânsito 42 pontos por causa de avanço de semáforos. Como ainda havia processo administrativo em andamento, ele manteve a carteira de habilitação.

Lei seca
Um levantamento realizado na Justiça estadual do país inteiro -entre junho de 2008 e maio de 2009- mostrou que 80% dos motoristas que se recusaram a se submeter ao teste do bafômetro ou a tirar sangue para verificar grau etílico acabaram absolvidos por falta de provas.
A avaliação que tem predominado no Judiciário é a de que a lei seca, aprovada em 2008, criou um limite numérico (de seis decigramas de álcool por litro de sangue) que precisa ser obrigatoriamente comprovado. Antes, o Código de Trânsito só dizia que era crime "conduzir veículo sob influência de álcool".


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