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Médico foge de blitz, bate, atropela e mata
Segundo a polícia, motorista tinha sinais de embriaguez após ser perseguido e preso em BH; ele se negou a fazer o teste do bafômetro
Mulher morta era catadora de latinhas e estava na calçada; o advogado do atropelador, que vai ser indiciado, não foi localizado
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Um médico residente da Santa Casa de Belo Horizonte foi
preso ontem após fugir de uma
blitz policial, bater em outros
carros e atropelar e matar uma
mulher na calçada. Fellipe Ferreira Vale, 29, foi preso em flagrante e, segundo policiais,
mostrava sinais de embriaguez.
A mulher atropelada era catadora de latinhas na região
oeste da capital mineira, onde a
perseguição ao carro do médico
terminou. Ela estava sem documentos e não tinha sido identificada até a tarde de ontem.
Outras três pessoas ficaram
levemente feridas durante a
perseguição: o passageiro de
um veículo atingido, um policial e um agente de trânsito.
Fellipe Vale se negou a fazer
o teste do bafômetro e, por isso,
foi conduzido à tarde para exame toxicológico no IML (Instituto Médico Legal), onde também não permitiu que fosse retirado sangue para o teste.
A delegada Cláudia Nacif disse que o médico será indiciado
sob suspeita de homicídio doloso -caso em que há intenção de
matar ou quando o suspeito assume risco de provocar danos.
Pode responder ainda por lesões corporais e crimes de trânsito, como direção perigosa.
De acordo com a delegada
Nacif, como não cabe fiança para esse tipo de delito, Vale prestaria depoimento ainda ontem
na Delegacia de Acidentes de
Veículos de BH e, então, seria
levado para um centro de prisão provisória.
A perseguição ao Polo dirigido pelo médico teve início às
7h53. De acordo com a PM, ele
não obedecera à ordem para
parar em uma blitz de rotina na
região central e por pouco não
feriu gravemente um policial.
Vale fugiu do local em alta velocidade e avançou sinais de
trânsito. Segundo a polícia, ele
atingiu carros da PM e da
BHTrans (empresa municipal
de transporte e trânsito), bateu
em um ônibus e, a seguir, atropelou e matou a mulher.
O médico continuou dirigindo e só parou o carro após bater
em um Siena no bairro Prado.
A Folha não conseguiu localizar o advogado do médico, José Arthur Kalil. Segundo a polícia, ele acompanhava o depoimento de Vale no início da noite de ontem e, por isso, não pôde falar.
Vale tem registrados no seu
prontuário de trânsito 42 pontos por causa de avanço de semáforos. Como ainda havia
processo administrativo em
andamento, ele manteve a carteira de habilitação.
Lei seca
Um levantamento realizado
na Justiça estadual do país inteiro -entre junho de 2008 e maio
de 2009- mostrou que 80% dos
motoristas que se recusaram a
se submeter ao teste do bafômetro ou a tirar sangue para verificar grau etílico acabaram absolvidos por falta de provas.
A avaliação que tem predominado no Judiciário é a de que a
lei seca, aprovada em 2008,
criou um limite numérico (de
seis decigramas de álcool por litro de sangue) que precisa ser
obrigatoriamente comprovado.
Antes, o Código de Trânsito só
dizia que era crime "conduzir
veículo sob influência de álcool".
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