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Médico formado lá fora terá de fazer teste
Exames teórico e prático serão necessários para validar diploma, segundo normas divulgadas pelo Ministério da Educação
Hoje a revalidação demora cerca de 4 anos e depende de processo burocrático; nova medida deverá beneficiar de 4.000 a 5.000 estudantes
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os estudantes que cursaram
medicina fora do país poderão
revalidar seus diplomas fazendo um exame padrão. As provas
teórica e prática serão montadas a partir de uma matriz curricular, que já foi aceita por 16
universidades públicas.
As regras foram publicadas
ontem no "Diário Oficial da
União", e a expectativa do Ministério da Educação é que a
primeira prova seja aplicada no
início do próximo ano.
O novo processo deverá beneficiar entre 4.000 e 5.000 recém-formados, na estimativa
do Ministério da Saúde. Hoje,
para exercer a medicina no
Brasil, é preciso "nacionalizar"
o diploma: o estudante formado fora do país precisa procurar
uma universidade pública, onde uma banca avalia se a grade
curricular do curso é compatível com a que a instituição brasileira oferece.
"O processo hoje é burocrático e longo, uma verdadeira via-crúcis para o estudante. Foi
preciso estabelecer regras claras, organizadas", disse Francisco Campos, secretário de
Gestão do Trabalho e Educação
na Saúde.
Segundo ele, atualmente o
interessado leva, em média,
quatro anos para revalidar o diploma de medicina. Apesar de
reduzir o tempo para a revalidação do diploma, o novo processo irá perseguir a qualidade,
de acordo com ele. "Deverá,
sim, ser uma prova difícil, que
exija muito estudo", disse.
Regras
As regras publicadas ontem
pelos ministérios da Saúde e da
Educação trazem os conteúdos
que serão exigidos dos formados no exterior. A matriz curricular -com as habilidades e
competências exigidas para
quem quer ser médico no país-
foi formada com a ajuda de 16
universidades. "É como um
guia de estudo. Fica claro que
será cobrado do estudante",
avaliou Ana Estela Haddad, diretora do Departamento de
Gestão da Educação na Saúde.
Para participar do exame padrão, os recém-formados terão
de se inscrever para a prova, organizada pelo Inep (órgão do
MEC), e precisam ter passado
por pelo menos 7.200 horas/
aula, que é a carga horária do
currículo brasileiro.
O MEC ainda não definiu se o
exame único será feito uma ou
duas vezes ao ano. "Primeiro,
vamos fazer o teste", disse Maria Paula Dallari Bucci, secretária de Educação Superior do
ministério.
A estimativa é que de 2% a
5% do total de médicos que
atuam no Brasil tenham feito
graduação no exterior.
De acordo com o secretário
Francisco Campos, um quarto
dos médicos dos Estados Unidos, por exemplo, não passou
por universidades americanas.
No Reino Unido, um quarto da
força de trabalho tem diploma
de fora.
Para Edson de Oliveira Andrade, presidente do Conselho
Federal de Medicina, a medida
é um avanço. "Sempre defendemos que deveria haver uma regra nacional, uniforme. Os estudantes precisam saber quais
são as regras do jogo, de forma
clara", afirmou.
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