São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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Vítima de sequestro acha no Orkut suspeito do crime

Preso é da comunidade de rua do cativeiro

Acusado de sequestro integra grupo do Orkut "Rua 5 Quarentenário", local onde a jovem foi mantida refém

Segundo a polícia, ele confessou ter mantido a garota em cativeiro por 16 dias, três deles num buraco de 1,5 m por 2 m

Reprodução
Eduardo dos Santos, que acabou reconhecido na internet

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

VINÍCIUS DOMINICHELLI
DO "AGORA"

A comunidade do Orkut "Rua 5 Quarentenário" descreve essa via do bairro de São Vicente (no litoral paulista) como "famosa pelas suas festas e pelas pessoas que lá residem".
Ontem, um dos membros da comunidade se tornou o mais famoso de todos.
Eduardo Trigo Marques dos Santos, 34, foi preso depois que uma jovem de 25 anos o reconheceu na rede social como um dos homens que comandaram seu sequestro, em março.
De acordo com a polícia, ele confessou ter mantido a garota em cativeiro durante 16 dias -três deles em um buraco de 1,5 m de largura e 2 m de profundidade em um matagal e o restante em uma casa na rua 5, no bairro Quarentenário, endereço que dá título à tal comunidade.
Depois de ter sido libertada, passou a vasculhar sites da internet, até encontrar a comunidade.
Logo avisou a polícia de que um dos membros parecia ser o "carcereiro" do sequestro, o homem que a vigiava no cativeiro e que, vez ou outra, tirava a venda da jovem.
Ela o reconheceu pela foto, apesar de Eduardo usar o nome "Valter" em sua página.
Orientada pela polícia, criou então um perfil falso, também feminino, e passou a puxar conversa com seu suposto algoz.
Aos poucos, o rapaz se abriu na troca de mensagens com a suposta admiradora e citou a região onde mora, no bairro Catarino, também em São Vicente.
Com essa pista, a polícia o prendeu anteontem e encontrou com ele 40 kg de tijolos de maconha.
A namorada de Santos, Kelly Daniel da Silva, 20, também foi presa, sob suspeita de participar do esquema de tráfico.
O casal ainda não tem advogado constituído para o caso, segundo a polícia.
A vítima do sequestro, que pede para que seu nome seja mantido sob sigilo, mora em Vargem Grande Paulista (a 44 km de São Paulo). Contatada pela Folha, ela não quis conceder entrevista, mas confirmou a história.
Disse que se surpreendeu ao saber que conseguiu ajudar na investigação.

À FORÇA
A garota trabalhava na pequena empresa da família quando foi arrancada de lá por homens que a colocaram em um Fox e a levaram para o buraco que serviu como o primeiro cativeiro.
Ela era mantida ali em condição insalubre, sem iluminação, com o buraco coberto por uma tampa.
A família recebeu apenas um telefonema, no primeiro dia do crime, mas o pedido de resgate nunca foi feito. Dezesseis dias depois, a polícia, levada por denúncia anônima, estourou o cativeiro.
"Outras duas pessoas podem estar envolvidas no sequestro", diz o delegado Idinelson de Jesus Martins, da Delegacia Seccional de Carapicuíba (Grande SP), responsável pelas investigações.
De acordo com o delegado, o rapaz preso não é o mentor do crime, do qual, afima, participou por ter dívidas com outro traficante suspeito de coordenar a ação.


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