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Restrição causa protesto de caminhoneiro e morador
Prejuízos financeiros à categoria e barulho noturno geram insatisfações
Motoristas que atuam apenas dentro de SP pedem reconhecimento de que seus veículos são diferentes dos demais
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
WILLIAN CARDOSO
DO "AGORA"
A resistência às novas restrições à circulação de caminhões na capital paulista tem
se espalhado. Ontem, ocorreu o primeiro protesto contra a regra.
Ao mesmo tempo em que
torna mais leve o tráfego em
grandes vias, como a avenida
Roberto Marinho (zona sul),
a medida gera queixas de
quem teve a rotina alterada.
Quem vive às margens dos
corredores urbanos reclama
do barulho noturno causado
por veículos de grande porte
desde que o veto passou a valer multa, no dia 2.
Moradores de bairros como o Morumbi (zona oeste)
não gostam de ver ruas internas virando alternativa para
veículos pesados. E caminhoneiros que fazem trabalhos urbanos alegam que seu
ganha-pão está ameaçado.
Os motoristas estão aproveitando o período sem restrições, das 21h às 5h, para
trabalhar. O resultado são
veículos pesados cruzando a
cidade rumo ao porto de Santos ou para fazer entregas em
vias onde, durante o dia, eles
não podem circular.
A avenida dos Bandeirantes, por exemplo, chega a ter
quatro caminhões por minuto, em média, de madrugada.
FAIXA INTERDITADA
O primeiro protesto contra
a medida ocorreu na manhã
de ontem, na avenida Escola
Politécnica (zona oeste).
Mais de cem caminhões
basculantes, que atuam na
construção civil, foram usados para interditar uma das
faixas da via durante toda a
manhã -das 7h às 12h.
Os caminhoneiros alegam
que o veto é desastroso para
seu negócio e acenam com
aumento do preço do frete, se
a regra não for revista.
As restrições recentes
ocorrem na marginal Pinheiros e nas avenida dos Bandeirantes, Afonso D'Escragnole
Taunay e Roberto Marinho
(zona sul), das 5h às 21h.
Um dos objetivos é retirar
os caminhões dessas vias,
forçando-os a aderir ao
Rodoanel.
Segundo os motoristas, a
medida prejudica quem trabalha apenas na capital.
Na próxima semana, o sindicato da categoria se reunirá
com a CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego) para
discutir a questão.
TURNO RENTÁVEL
Aqueles que trabalham
dentro da cidade querem que
a prefeitura reconheça que
seus veículos são diferentes
dos que só passam por São
Paulo rumo a outras cidades.
"Não podemos pegar o Rodoanel como eles. Nosso trabalho está aqui e estamos
tendo prejuízo. Serviços que
fazíamos em uma hora agora
levam duas por dentro dos
bairros", reclama Fernando
da Fonseca, 37.
A categoria pede que vias
como a marginal Pinheiros
-onde há proibição das 5h
às 21h- entrem na ZMRC (Zona Máxima de Restrições a
Caminhões), que libera especificamente para essa atividade a circulação no centro.
Com o veto diurno, o turno
noturno ficou mais rentável.
"É quando dá para rodar",
afirma Branco Lime, 49, que
atua em construções na zona
sul e integrou o protesto.
"De noite podemos rodar
pela marginal e o trabalho
rende. Mas precisamos entrar nos bairros para chegar
às obras", explica.
VIAS LIVRES
A CET afirma que a intenção da restrição é justamente
deixar livres as vias durante
o dia para que propiciem
maior fluidez do tráfego.
A Secretaria Municipal dos
Transportes diz que o objetivo principal é disciplinar o
uso das vias, ordenando o
tráfego de caminhões, ônibus, motocicletas e veículos
de passeio.
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