São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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Restrição causa protesto de caminhoneiro e morador

Prejuízos financeiros à categoria e barulho noturno geram insatisfações

Motoristas que atuam apenas dentro de SP pedem reconhecimento de que seus veículos são diferentes dos demais

RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

WILLIAN CARDOSO
DO "AGORA"

A resistência às novas restrições à circulação de caminhões na capital paulista tem se espalhado. Ontem, ocorreu o primeiro protesto contra a regra.
Ao mesmo tempo em que torna mais leve o tráfego em grandes vias, como a avenida Roberto Marinho (zona sul), a medida gera queixas de quem teve a rotina alterada.
Quem vive às margens dos corredores urbanos reclama do barulho noturno causado por veículos de grande porte desde que o veto passou a valer multa, no dia 2.
Moradores de bairros como o Morumbi (zona oeste) não gostam de ver ruas internas virando alternativa para veículos pesados. E caminhoneiros que fazem trabalhos urbanos alegam que seu ganha-pão está ameaçado.
Os motoristas estão aproveitando o período sem restrições, das 21h às 5h, para trabalhar. O resultado são veículos pesados cruzando a cidade rumo ao porto de Santos ou para fazer entregas em vias onde, durante o dia, eles não podem circular.
A avenida dos Bandeirantes, por exemplo, chega a ter quatro caminhões por minuto, em média, de madrugada.

FAIXA INTERDITADA
O primeiro protesto contra a medida ocorreu na manhã de ontem, na avenida Escola Politécnica (zona oeste).
Mais de cem caminhões basculantes, que atuam na construção civil, foram usados para interditar uma das faixas da via durante toda a manhã -das 7h às 12h.
Os caminhoneiros alegam que o veto é desastroso para seu negócio e acenam com aumento do preço do frete, se a regra não for revista.
As restrições recentes ocorrem na marginal Pinheiros e nas avenida dos Bandeirantes, Afonso D'Escragnole Taunay e Roberto Marinho (zona sul), das 5h às 21h.
Um dos objetivos é retirar os caminhões dessas vias, forçando-os a aderir ao Rodoanel.
Segundo os motoristas, a medida prejudica quem trabalha apenas na capital.
Na próxima semana, o sindicato da categoria se reunirá com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) para discutir a questão.

TURNO RENTÁVEL
Aqueles que trabalham dentro da cidade querem que a prefeitura reconheça que seus veículos são diferentes dos que só passam por São Paulo rumo a outras cidades.
"Não podemos pegar o Rodoanel como eles. Nosso trabalho está aqui e estamos tendo prejuízo. Serviços que fazíamos em uma hora agora levam duas por dentro dos bairros", reclama Fernando da Fonseca, 37.
A categoria pede que vias como a marginal Pinheiros -onde há proibição das 5h às 21h- entrem na ZMRC (Zona Máxima de Restrições a Caminhões), que libera especificamente para essa atividade a circulação no centro.
Com o veto diurno, o turno noturno ficou mais rentável.
"É quando dá para rodar", afirma Branco Lime, 49, que atua em construções na zona sul e integrou o protesto.
"De noite podemos rodar pela marginal e o trabalho rende. Mas precisamos entrar nos bairros para chegar às obras", explica.

VIAS LIVRES
A CET afirma que a intenção da restrição é justamente deixar livres as vias durante o dia para que propiciem maior fluidez do tráfego.
A Secretaria Municipal dos Transportes diz que o objetivo principal é disciplinar o uso das vias, ordenando o tráfego de caminhões, ônibus, motocicletas e veículos de passeio.


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