São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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Mãe e filho vão juntos à escola

da enviada especial

Todos as semanas, de terça a sexta, Josefa Maria Medeiros Batista deixa sua casa, acompanhada do filho José Emídio, e caminha sete quilômetros durante uma hora e meia para aprender a ler e a escrever.
Ele vive em um sítio localizado na divisa dos municípios de Dona Inês e Bananeiras. Como mora "do lado de lá do rio", considera-se habitante de Bananeiras.
Aos 46 anos, Josefa está frequentando, pela primeira vez na vida, uma escola.
"Minha escola sempre foi a enxada", diz, ao descrever sua atividade durante o dia. "A gente planta, mas, como não chove, não cresce nada."
Desde agosto, porém, ela está se dedicando a uma atividade nova além do trabalho na roça. Ela faz parte do grupo de 25 jovens e adultos atendidos no núcleo do sítio Boa Vista do Alfabetização Solidária em Dona Inês.
"Não sabia de nada. Agora leio as placas se conheço as letras", diz ela.
Mas, apesar de satisfeita com o próprio desempenho, ela ainda não atingiu seu maior objetivo: escrever o próprio nome. "É o mais importante."
Seu filho Emídio está tão entusiasmado quanto a mãe. "Não quero parar mais. Perdi muito tempo e agora quero seguir em frente", diz ele. Ir em frente significa, para esse rapaz de 23 anos, deixar a vida na roça e conseguir um emprego na cidade.
Assim como eles, há vários outros casos de famílias aprendendo juntas nas salas do Alfabetização Solidária.


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