São Paulo, Domingo, 17 de Outubro de 1999
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Número de analfabetos cai na PB

MARTA AVANCINI
enviada especial a Dona Inês (PB)

A cidade de Dona Inês, a 156 km de João Pessoa (PB), já foi uma das campeãs de analfabetismo do Brasil.
Segundo do censo do IBGE de 91, 55,7% dos 9.842 habitantes não eram capazes de ler, nem de escrever o próprio nome. Por isso, o município -que ocupava a 24ª posição no ranking nacional do iletramento- foi incluído na lista das 38 cidades da fase piloto do programa Alfabetização Solidária, implantada em 97.
No final do ano passado, a Prefeitura de Dona Inês fez um novo censo: o índice baixou para 30,3%, resultado que, para o prefeito Antônio Justino (PMDB), está diretamente ligado ao Alfabetização Solidária.
Esses números retratam um processo mais amplo que está ocorrendo na cidade. Dona Inês é hoje uma cidade que tem "fome de educação".
Além da falta de chuva -a seca atinge o município há dois anos, inviabilizando a agricultura, principal atividade econômica da cidade-, uma das principais preocupações do prefeito Justino é conseguir recursos para garantir que os 450 jovens e adultos que já concluíram a fase inicial de alfabetização no Alfabetização Solidária continuem a estudar em cursos supletivos, conforme prevê a proposta original do projeto.
Funcionam na cidade seis turmas do Alfabetização Solidária em sistema de rodízio, cada uma com 25 alunos. A cada semestre são montados grupos nas regiões de maior concentração de analfabetismo, geralmente na zona rural, onde vive a maioria da população.
Parte dos custos é bancada pela Bovespa, a "empresa parceira" que assumiu a cidade. A coordenação pedagógica está a cargo da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), que cuida da formação dos alfabetizadores e acompanha o andamento do programa na cidade.
Atualmente, 160 jovens e adultos que participaram da fase piloto do Alfabetização Solidária em Dona Inês fazem supletivo, dentro do Programa de Educação Profissional Contextualizada. Mas o projeto, mantido com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), termina em dezembro e está sem perspectiva de continuidade por falta de recursos.
O receio da pró-reitora e de todos os envolvidos no programa é que, caso os cursos supletivos não sejam mantidos ou implantados, os benefícios obtidos desapareçam rapidamente. "O aluno perde aquela vontade de ir em frente, que acaba sendo despertada quando ele aprende a ler e a escrever", diz José Júnior dos Santos, 23, coordenador do Alfabetização Solidária em Dona Inês.


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