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Número de analfabetos cai na PB
MARTA AVANCINI
enviada especial a Dona Inês (PB)
A cidade de Dona Inês, a 156 km
de João Pessoa (PB), já foi uma
das campeãs de analfabetismo do
Brasil.
Segundo do censo do IBGE de
91, 55,7% dos 9.842 habitantes
não eram capazes de ler, nem de
escrever o próprio nome. Por isso,
o município -que ocupava a 24ª
posição no ranking nacional do
iletramento- foi incluído na lista
das 38 cidades da fase piloto do
programa Alfabetização Solidária, implantada em 97.
No final do ano passado, a Prefeitura de Dona Inês fez um novo
censo: o índice baixou para
30,3%, resultado que, para o prefeito Antônio Justino (PMDB), está diretamente ligado ao Alfabetização Solidária.
Esses números retratam um
processo mais amplo que está
ocorrendo na cidade. Dona Inês é
hoje uma cidade que tem "fome
de educação".
Além da falta de chuva -a seca
atinge o município há dois anos,
inviabilizando a agricultura, principal atividade econômica da cidade-, uma das principais preocupações do prefeito Justino é
conseguir recursos para garantir
que os 450 jovens e adultos que já
concluíram a fase inicial de alfabetização no Alfabetização Solidária continuem a estudar em
cursos supletivos, conforme prevê a proposta original do projeto.
Funcionam na cidade seis turmas do Alfabetização Solidária
em sistema de rodízio, cada uma
com 25 alunos. A cada semestre
são montados grupos nas regiões
de maior concentração de analfabetismo, geralmente na zona rural, onde vive a maioria da população.
Parte dos custos é bancada pela
Bovespa, a "empresa parceira"
que assumiu a cidade. A coordenação pedagógica está a cargo da
PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), que
cuida da formação dos alfabetizadores e acompanha o andamento
do programa na cidade.
Atualmente, 160 jovens e adultos que participaram da fase piloto do Alfabetização Solidária em
Dona Inês fazem supletivo, dentro do Programa de Educação
Profissional Contextualizada.
Mas o projeto, mantido com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), termina em
dezembro e está sem perspectiva
de continuidade por falta de recursos.
O receio da pró-reitora e de todos os envolvidos no programa é
que, caso os cursos supletivos não
sejam mantidos ou implantados,
os benefícios obtidos desapareçam rapidamente. "O aluno perde aquela vontade de ir em frente,
que acaba sendo despertada
quando ele aprende a ler e a escrever", diz José Júnior dos Santos,
23, coordenador do Alfabetização
Solidária em Dona Inês.
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