São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 2000

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AMBIENTE 1
UFRJ identifica novos pontos no Rio contaminados por metal pesado
Encontrado mercúrio em dois rios

DA SUCURSAL DO RIO

Mais dois pontos do Rio estão contaminados por mercúrio: os rios Acari e Meriti, que deságuam na baía de Guanabara, segundo análise de lama feita pelo Laboratório de Radioisótopos do Instituto de Biofísica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O mercúrio é um metal pesado que, se consumido, pode causar doenças no sistema nervoso, lesões fetais e até a morte.
Ontem, a Folha revelou a existência de mercúrio no manguezal do Jequiá, na Ilha do Governador (zona norte do Rio), segundo pesquisa ainda em curso do laboratório. A população da região come peixes e caranguejos do local.
A contaminação dos rios Acari e Meriti é mais antiga. As coletas, de 1992, resultaram em pesquisa publicada no ano seguinte pela revista científica "Environmental Technology", da Holanda.
O mercúrio foi encontrado em cinco pontos de coleta nos rios em quantidades até 1.150% superior à média mundial da presença do metal em sedimentos.

Risco para a população
A diferença entre os locais contaminados é o risco para os moradores. Enquanto no manguezal há peixes e crustáceos, os rios -dos mais poluídos do Estado- viraram esgotos a céu aberto.
O Acari recebe esgoto sem tratamento de favelas e indústrias da zona norte. Ele é afluente do Meriti, que passa pela Baixada Fluminense e deságua na baía de Guanabara. Nunca foi investigada a origem do mercúrio no sistema fluvial formado por esses rios.
Para o deputado Carlos Minc (PT), da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, o mercúrio pode vir da companhia Pan-Americana S/A Indústrias Químicas, em Honório Gurgel, que usa o metal para fabricar cloro e soda cáustica. "Parte do mercúrio usado vai para o ambiente volatilizado ou para a água em forma de sal de mercúrio."
Nélio Rodrigues, diretor de planejamento da Pan-Americana, negou que isso esteja ocorrendo. "Investimos US$ 2,5 milhões de 1992 a 1998 em melhorias ambientais na empresa, sempre com acompanhamento permanente da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), o órgão estadual responsável."
Segundo o executivo, a Pan-Americana trata a água usada antes de despejá-la. "A probabilidade de ir mercúrio para o rio é quase zero. A água que lançamos como resíduo final é mais pura do que a que captamos no rio Acari."


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