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CIDADE SITIADA
Sede do governo estadual foi atingida por tiros de fuzil, e granada explodiu em shopping; policial morreu baleado
Traficantes atacam palácio e polícia no Rio
Marcelo Sayão/Agência O Globo
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Marca de tiro no Palácio Guanabara |
Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
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Camionete pichada |
SABRINA PETRY
FERNANDA DA ESCÓSSIA
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Em ações coordenadas, traficantes armados com granadas e
fuzis atacaram, entre 21h50 de terça-feira e 2h de ontem, o Palácio
Guanabara, sede do governo do
Rio, o shopping Rio Sul (Botafogo, zona sul), uma delegacia, no
centro, e dois carros de polícia. Os
ataques começaram depois de
uma tentativa de fuga no presídio
Bangu 3, na zona oeste da cidade.
As ações foram iniciadas em
Bangu 3. Dentro da penitenciária,
presos armados com três fuzis,
cinco pistolas e cinco quilos de explosivos tentaram derrubar o muro dos fundos. Do lado de fora,
quatro carros com traficantes armados se posicionaram para dar
cobertura a uma fuga.
O objetivo das ações, de acordo
com o chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, seria resgatar líderes da facção criminosa CV (Comando Vermelho), aliados do
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
promovendo uma fuga em massa
do presídio. Beira-Mar está isolado no Batalhão de Choque da PM
desde 13 de setembro, com mais
seis presos do CV.
Os principais presos a serem
resgatados seriam Isaías Costa
Rodrigues, o Isaías do Borel,
Adair Marlon Duarte, o Aldair da
Mangueira, e Rodrigo Barbosa da
Silva, o Rolinha do Alemão.
Um policial militar de guarda
na guarita de Bangu 3 reagiu a tiros, junto com guardas penitenciários. A tentativa de fuga fracassou, mas gerou uma rebelião que
só terminou na manhã de ontem.
Os traficantes que atacaram o
presídio conseguiram fugir. O
grupo, segundo a polícia, teria sido liderado por Adriano Ferreira
dos Santos, 20, o Tienéia, da favela
Mandela, em Manguinhos, preso
ontem de manhã. Ele negou participação no episódio.
Momentos depois do ataque ao
presídio, criminosos deram início
a ações em diversos pontos da cidade. Entre 23h e 23h30, traficantes ordenaram que moradores do
morro da Providência entrassem
num ônibus que os levaria até o
complexo de Bangu. O ônibus foi
abordado por PMs. Os passageiros contaram à polícia que receberam ordens, mas não sabiam a
razão de irem a Bangu.
À meia-noite, um carro da Polícia Civil foi atacado por um grupo
de criminosos em São Cristóvão
(zona norte). Houve troca de tiros, e o policial Roberto Santana
da Rocha, 52, foi morto. No Campo de São Cristóvão foram localizadas duas picapes pretas sem
placa e com inscrições "ADA" e
"Bonde do Linho", referências à
facção Amigo dos Amigos e ao
traficante líder do Terceiro Comando. As inscrições podem ser
uma tentativa de despiste, pois a
ADA e o TC são rivais do CV.
Às 0h40, dois homens em um
táxi pararam em frente ao shopping Rio Sul, e um deles atirou
uma granada. A explosão abriu
um buraco na calçada e estilhaçou
uma vitrine. Ninguém se feriu, e
os homens conseguiram fugir.
À 1h15, dois homens em um táxi
-os mesmos que atacaram o
shopping, segundo a polícia-,
dispararam tiros de fuzil contra o
Palácio Guanabara. A fachada do
prédio, que era guardado por seis
PMs, foi atingida por nove tiros.
Cinco minutos depois, os mesmos criminosos atacaram um
carro do 1º BPM (Batalhão de Polícia Militar) na entrada do túnel
Santa Bárbara, ferindo um policial. A seguir, a 6ª Delegacia de
Polícia, na Cidade Nova (zona
central), foi alvejada, supostamente pelos mesmos homens.
Segundo o chefe de Polícia Civil,
as ações aconteceram para desviar a atenção da polícia do complexo de Bangu, onde ocorria a
tentativa de fuga.
"O CV está sem liderança nas
ruas, e essa operação foi determinada para libertar alguns líderes.
As ações que se seguiram eram
para despistar a polícia. Como a
fuga foi frustrada, não sabemos se
elas também aconteceram como
retaliação", disse Teixeira.
As ações teriam sido articuladas
numa reunião na Rocinha (zona
sul), com a presença dos traficantes Luciano Barbosa da Silva, o
Lulu da Rocinha, André Anchieta,
o Menininho do Jacarezinho, e
Márcio Batista da Silva, o Dinho
Porquinho, de Manguinhos.
Segundo a PM, também houve
registro de "bondes" -comboios
de traficantes- durante a madrugada. Até o início da noite,
duas pessoas haviam sido presas:
Tienéia, acusado de liderar a tentativa de resgate em Bangu 3, e
Marcelo da Silva Santos, acusado
de ter jogado a bomba no Rio Sul.
Ele portava uma granada.
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