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CIDADE SITIADA
Detentos usaram um túnel para chegar perto de muro do presídio, que iriam explodir; reação policial impediu fuga
Arsenal de presos tinha fuzis e explosivos
DA SUCURSAL DO RIO
Três fuzis, cinco pistolas, três
granadas, 5 kg de explosivos, estoques (facas artesanais), 11 carregadores de fuzil, oito de pistola e
327 balas para armas de diferentes
calibres foram entregues ontem à
polícia por presos da penitenciária Bangu 3 (zona oeste), após o
fim da rebelião iniciada na noite
anterior, quando a PM (Polícia
Militar) conseguiu impedir uma
tentativa de fuga em massa.
As armas foram quebradas pelos presos, que mantiveram dois
agentes penitenciários reféns durante toda a madrugada. Eles foram liberados por volta das 9h
sem ferimentos. Quatro presos ficaram levemente feridos.
Em Bangu 3, há 896 presos da
facção criminosa CV (Comando
Vermelho), que tem o traficante
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, como um
de seus principais líderes.
Beira-Mar está preso no
BPChoque (Batalhão de Choque)
da PM desde 13 de setembro, dois
dias depois de ter participado de
uma rebelião em Bangu 1 que terminou com a morte de quatro traficantes de facções rivais.
Em Bangu 3 estão importantes
líderes do CV, como Isaías Costa
Rodrigues, o Isaías do Borel, Alexander da Silva, o Polegar, Adair
Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, e Leonardo Marques da
Silva, o Sapinho da Providência.
Durante a vistoria feita pela polícia em Bangu 3, foi descoberto
um túnel que começava dentro de
uma das celas da galeria 1 e desembocava perto do muro da parte de trás do presídio.
A cerca de 100 metros do muro
há outro muro que circunda todo
o complexo penitenciário. Colado
a ele, há um depósito de lixo e
uma favela. Era por ali que os presos planejavam fugir.
Os 5 kg de explosivos do tipo C-4, que tem alto poder de destruição, seriam usados para abrir buracos nos muros. Quatro Blazers,
com criminosos armados, esperavam no depósito de lixo para resgatar os presos.
Segundo o delegado-titular da
34ª Delegacia de Polícia, Leonilson Ribeiro, dezenas de presos
chegaram pelo túnel até o muro
interno do presídio, por volta das
21h30. "Eles só não conseguiram
fugir porque um PM que estava
na torre os viu e atirou", disse.
Os presos e os criminosos que
esperavam no depósito de lixo
trocaram tiros com policiais que
guardavam o complexo. Com a
ação policial, a fuga foi frustrada.
"Tudo foi orquestrado de dentro para fora. A intenção era fugir.
Como não deu, eles fizeram a rebelião. As ações isoladas na cidade [ataques a delegacias, carros de
polícia, shopping e sede do governo] foram feitas para confundir a
polícia e desviar a atenção para a
fuga", afirmou o delegado.
Ribeiro abriu inquérito e vai ouvir os presos e os 17 agentes penitenciários de plantão, principalmente os dois mantidos reféns,
André Rocha de Arruda e Cláudio
Nunes Cortes.
"Não há dúvidas de que houve
algum tipo de conivência. Não há
outra explicação para o armamento que estava lá dentro."
O delegado suspeita, a princípio, de seis presos à frente do planejamento. Além de Sapinho da
Providência e Isaías do Borel, estão na lista dos suspeitos José Carlos Elias, o Popeye, Marcos José
Monteiro, o Cebolinha, Márcio
Cândido da Silva, o Porca Russa, e
Jorge Luiz Pereira Soares.
Segundo Ribeiro, eles participaram das negociações com a polícia, durante a rebelião. O delegado disse ainda que os presos destruíram os setores administrativos do presídio.
(TALITA FIGUEIREDO)
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