São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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Atentados cresceram desde maio

LIANE FACCIO
DA REDAÇÃO

As investidas do tráfico no Rio contra bens públicos não são novidade, mas se tornaram mais intensas a partir de maio deste ano.
Foi no dia 14 de maio que dois cartazes colados na frente do prédio da Secretaria de Direitos Humanos do Estado -também sede de repartição do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário)-, alvejado por dezenas de tiros de fuzis, avisavam: "Chega de opressão. Daqui "pra" frente qualquer ação arbitrária com nossos irmãos na cadeia será dada a resposta à altura (na bala)".
O texto era assinado pelas siglas CV-RL-PJ (respectivamente, Comando Vermelho, Rogério Lemgruber, um dos fundadores da facção, e Paz e Justiça, lema do CV). Na ocasião, a gestão Benedita da Silva (PT) completava 40 dias comemorando a prisão, uma semana antes, do traficante Celsinho da Vila Vintém e de 16 integrantes da quadrilha de Uê, Ernaldo Pinto de Medeiros, então preso em Bangu 1.
Até ali, só a prisão de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, havia sido tão festejada. Beira-Mar foi preso em abril de 2001, período da administração Anthony Garotinho (PSB), mas sua captura não teve participação de policiais do Rio. Ele foi pego fora do país, pelo Exército da Colômbia.
Em quase três anos de governo, Garotinho enfrentou quatro atentados a bens públicos -mas só um deles foi uma ação articulada. Na madrugada de 3 de março, a polícia foi alvo de um "bonde" (comboio de carros de criminosos) de traficantes, que metralharam uma delegacia da Polícia Civil, uma cabine da PM e seis carros, em três bairros da zona norte.
Na gestão Benedita, ainda em maio (dia 16), dois Postos de Policiamento Comunitário (PPCs) foram atingidos, um com granadas, outro com 40 tiros de fuzis e pistolas. Na véspera, policiais militares tinham matado um traficante na favela Roquete Pinto.
Tiroteios em morros também se tornaram comuns, como em 20 de maio, quando a PM matou cinco supostos traficantes. No mês seguinte, em 24 de junho, a sede administrativa da prefeitura, na Cidade Nova, zona central, foi atingida por 150 tiros disparados por homens armados com fuzis.
Em julho, outro "bonde" invade um depósito de veículos da Polícia Civil, no Caju, rouba quatro automóveis e um ônibus. De lá para cá, a abrangência da ação dos traficantes só tem crescido.


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