São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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OUTRO LADO

Distorção decorre de fatores sociais, segundo governo

DA SUCURSAL DO RIO

Encarregada pela Secretaria de Segurança Pública para falar sobre a distribuição do efetivo da Polícia Militar, a presidente do ISP (Instituto de Segurança Pública), Ana Paula de Miranda, disse que o maior policiamento da zona sul é "injusto" e ao mesmo tempo "normal".
Essa normalidade, segundo ela, decorre do fato de os moradores dessa região da cidade terem mais "capital" e conseqüentemente mais poder para reclamar.
Miranda afirmou que a mídia também colabora para o privilégio dado à zona sul: "Há uma exposição excessiva nos meios de comunicação. Tudo o que acontece na zona sul repercute mais". Segundo ela, a distorção não é culpa do governo estadual, mas de todo o sistema socioeconômico, que dota os bairros mais ricos não só mais de mais policiamento mas também de melhores hospitais, infra-estrutura e bens culturais.
Miranda disse ainda que o tamanho dos efetivos dos batalhões varia. Citou casos emergenciais em que um batalhão "empresta" policiais para outro até que a situação na região se normalize.
A presidente do ISP acrescentou que a falta de efetivo em áreas carentes é suprida com operações de batalhões especiais, como o Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel), Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Especiais) e BPVE (Batalhão de Policiamento em Vias Especiais).
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Hudson de Aguiar Miranda, afirmou que a distribuição do policiamento pelos batalhões não pode ser analisada somente do ponto de vista matemático.
Segundo ele, cada região do Estado tem características próprias e a corporação procura adequar o efetivo a essas particularidades. "Não podemos analisar apenas se um batalhão tem mil policiais e outro tem não sei quantos. Questão social não é questão matemática."
De acordo com Miranda, existe um estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) que calcula em um policial por 350 habitantes a proporção ideal. Apenas sete dos 25 batalhões da região da metropolitana do Rio estariam de acordo com essa recomendação.
Comandante do 20º Batalhão (Mesquita, Baixada Fluminense), unidade que tem o menor efetivo proporcional da região metropolitana, o tenente-coronel Francisco D'Ambrósio disse que sua tropa precisa ser reforçada, mas afirmou que o número atual tem atendido às necessidades da região. (MHM)


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