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DEBATE
Pesquisadores divergem sobre ensino fundamental de 9 anos
FÁBIO TAKAHASHI
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)
Instituída em fevereiro, a
lei que obriga crianças de seis
anos a serem matriculadas
no ensino fundamental causou controvérsia ontem na
Reunião Anual da Anped
(Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa
em Educação), em Caxambu
(MG). A medida foi classificada tanto como um "equívoco" quanto como "uma das
maiores conquistas da educação nos últimos anos".
Antes da nova legislação, a
obrigatoriedade abrangia as
crianças com, no mínimo, sete anos. A intenção é que as
de baixa renda passem a ter
um ano a mais de estudo.
Segundo a Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de
Domicílios) de 2004, 11,5%
das crianças de seis anos estavam fora da escola.
Na prática, é como se a
pré-escola tivesse sido incorporada pela educação fundamental (antigo primário).
Assim, esse nível de ensino,
que antes ia da 1ª à 8ª série,
passou a ir da 1ª à 9ª série. A
medida tem um prazo de cinco anos para implementação.
Para a pesquisadora da
UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Carmen Maria Craidy, as escolas não estão nem pedagogica nem fisicamente preparadas para receber crianças
mais novas, que precisam de
espaços para brincar e tomar
contato, aos poucos, com a
alfabetização. "No ensino
que temos, antecipar a entrada de crianças ainda indefesas e com baixa experiência
da cultura escolar pode significar o massacre da infância", diz.
Já a coordenadora da pós-graduação de educação da
PUC-RJ, Sonia Kramer, afirmou que a medida é positiva.
"Ela é uma das maiores conquistas da educação nos últimos anos no país", disse.
Para Kramer, a vantagem
da lei é "aumentar, gradativamente, o acesso das crianças pobres à escola".
Opinião parecida tem Patrícia Corsino, da UFRJ
(Universidade Federal do
Rio). "Outra vantagem é que
a medida pode forçar uma
reestruturação no ensino
fundamental."
O jornalista FÁBIO TAKAHASHI viajou a
convite da Anped
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