São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 2006

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Leitura de caixas-pretas anima comissão

Resultado da análise realizada no Canadá leva investigadores brasileiros a permanecerem por mais tempo naquele país

IML de Brasília identifica os corpos de mais três pessoas; ainda não foram localizadas duas vítimas no local da queda do Boeing da Gol

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A OTTAWA

O resultado da leitura e análise das caixas-pretas do Boeing-737 da Gol e do jato Legacy-600 operado pela empresa americana de táxi aéreo ExcelAire animou a comissão de investigadores brasileiros no Canadá. O grupo, liderado pelo coronel Rufino Antônio da Silva Ferreira, tinha volta ao Brasil prevista para ontem, mas decidiu adiar o retorno para acompanhar a decodificação e o cruzamento de informações.
"A leitura foi bem-feita. O processamento dos dados foi muito útil, extraímos muita coisa. Como o trabalho andou, decidimos ficar mais tempo para termos a oportunidade de realizar as análises pessoalmente. O trabalho ainda não terminou. Estamos animados", disse Ferreira ontem à Folha.
A transcrição dos instrumentos é realizada no laboratório de engenharia da TSB (Transportation Safety Board), agência independente ligada ao governo canadense. Segundo Ferreira, o trabalho é feito por cooperação entre os dois países, sem custos para o Brasil.
Outro motivo para a permanência da comissão brasileira é a falta da caixa-preta com a gravação da conversa da cabine do Boeing. Até agora só foi encontrado o instrumento que registrou dados do vôo, como altitude, velocidade e direção.
"É o tipo de informação da qual não posso abrir mão. Pode ser que surja um ponto diferente, que até então não sabíamos, e que vá de encontro a tudo que descobrimos", afirmou.
Os dados extraídos das caixas-pretas são processados no Canadá por meio de gráficos e confrontados com registros de tráfego aéreo, torre de comando, plano de vôo, radares, depoimento dos pilotos americanos Joe Lepore e Jean Paul Paladino -todos enviados do Brasil. "Muita coisa vem chegando aos poucos. A análise não é excludente, e as informações são trocadas com o Rio", disse o coronel Mounir Rahman, coordenador do grupo de investigação, em Ottawa.
Ferreira e Rahman disseram não poder revelar se o transponder estava ou não ligado no Legacy, por que o TCAS, o sistema anticolisão, não alertou a aproximação dos dois aviões, e se houve erro do controle de tráfego aéreo. Essas respostas isentariam ou definiriam o grau de culpabilidade dos pilotos americanos que conduziam o Legacy no momento do acidente com o vôo 1907 da Gol, que deixou 154 mortos.
"A fase em que estamos não permite isso. Ainda é cedo para falar qualquer coisa", avaliou Ferreira.

Mais três identificados
O IML (Instituto Médico Legal) divulgou ontem que foram identificados mais três corpos de vítimas do acidente -chegando a um total de 152. Os nomes das novas vítimas reconhecidas não foram informados até a conclusão desta edição, porque as famílias deveriam ser avisadas antes.
Inicialmente, os peritos imaginaram que os restos mortais eram de uma só vítima. Mas testes de DNA confirmaram que se tratava de três pessoas diferentes. Com isso, caiu para dois o número de corpos ainda não encontrados no local da queda da aeronave.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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