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Leitura de caixas-pretas anima comissão
Resultado da análise realizada no Canadá leva investigadores brasileiros a permanecerem por mais tempo naquele país
IML de Brasília identifica os corpos de mais três pessoas; ainda não foram localizadas duas vítimas no local da queda do Boeing da Gol
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A OTTAWA
O resultado da leitura e análise das caixas-pretas do Boeing-737 da Gol e do jato Legacy-600
operado pela empresa americana de táxi aéreo ExcelAire animou a comissão de investigadores brasileiros no Canadá. O
grupo, liderado pelo coronel
Rufino Antônio da Silva Ferreira, tinha volta ao Brasil prevista
para ontem, mas decidiu adiar
o retorno para acompanhar a
decodificação e o cruzamento
de informações.
"A leitura foi bem-feita. O
processamento dos dados foi
muito útil, extraímos muita
coisa. Como o trabalho andou,
decidimos ficar mais tempo para termos a oportunidade de
realizar as análises pessoalmente. O trabalho ainda não
terminou. Estamos animados",
disse Ferreira ontem à Folha.
A transcrição dos instrumentos é realizada no laboratório de engenharia da TSB
(Transportation Safety Board),
agência independente ligada ao
governo canadense. Segundo
Ferreira, o trabalho é feito por
cooperação entre os dois países, sem custos para o Brasil.
Outro motivo para a permanência da comissão brasileira é
a falta da caixa-preta com a
gravação da conversa da cabine
do Boeing. Até agora só foi encontrado o instrumento que
registrou dados do vôo, como
altitude, velocidade e direção.
"É o tipo de informação da
qual não posso abrir mão. Pode
ser que surja um ponto diferente, que até então não sabíamos, e que vá de encontro a tudo que descobrimos", afirmou.
Os dados extraídos das caixas-pretas são processados no
Canadá por meio de gráficos e
confrontados com registros de
tráfego aéreo, torre de comando, plano de vôo, radares, depoimento dos pilotos americanos Joe Lepore e Jean Paul Paladino -todos enviados do
Brasil. "Muita coisa vem chegando aos poucos. A análise
não é excludente, e as informações são trocadas com o Rio",
disse o coronel Mounir Rahman, coordenador do grupo de
investigação, em Ottawa.
Ferreira e Rahman disseram
não poder revelar se o transponder estava ou não ligado no
Legacy, por que o TCAS, o sistema anticolisão, não alertou a
aproximação dos dois aviões, e
se houve erro do controle de
tráfego aéreo. Essas respostas
isentariam ou definiriam o
grau de culpabilidade dos pilotos americanos que conduziam
o Legacy no momento do acidente com o vôo 1907 da Gol,
que deixou 154 mortos.
"A fase em que estamos não
permite isso. Ainda é cedo para
falar qualquer coisa", avaliou
Ferreira.
Mais três identificados
O IML (Instituto Médico Legal) divulgou ontem que foram
identificados mais três corpos
de vítimas do acidente -chegando a um total de 152. Os nomes das novas vítimas reconhecidas não foram informados até a conclusão desta edição, porque as famílias deveriam ser avisadas antes.
Inicialmente, os peritos imaginaram que os restos mortais
eram de uma só vítima. Mas
testes de DNA confirmaram
que se tratava de três pessoas
diferentes. Com isso, caiu para
dois o número de corpos ainda
não encontrados no local da
queda da aeronave.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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