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Mais um país proíbe remédio que é 2º no Brasil
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos vetarem a
comercialização do antiinflamatório Prexige, o segundo
mais vendido em sua linha no
Brasil, foi a vez de o Canadá recolher das farmácias o remédio
do laboratório Novartis.
O governo canadense levou
em consideração quatro casos
de pacientes que tomavam a
dose de 100 mg e que tiveram
"sérios problemas hepáticos",
sendo dois no país. Em agosto, a
Austrália tomou a mesma decisão após serem reportados oito
casos de problemas hepáticos
em todo o mundo, sendo duas
mortes na Austrália e dois casos de eventos adversos hepáticos graves no Brasil.
Entretanto, outros pacientes
brasileiros consumidores do
Prexige desenvolveram problemas. A Folha apurou que o
CVS (Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo) encaminhará hoje um relatório para a
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), contando
haver 147 casos suspeitos de
reações graves causadas possivelmente pelo uso do medicamento, a maioria pelo uso da
apresentação de 400 mg.
O centro indicará a suspensão do uso do Prexige no Brasil,
informando que seu uso pode
causar hepatite medicamentosa, entre outras complicações.
Amanhã, o CVS deverá emitir
alerta aos médicos pedindo que
evitem prescrever o remédio.
Até o momento, a Anvisa
mantém que não há elementos
para modificar a decisão tomada no momento do registro de
que a relação risco-benefício é
favorável a que o produto esteja no mercado.
Segundo Sérgio Nishioka,
chefe do núcleo de gestão do
Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária, "a Anvisa continua acompanhando o que está
acontecendo mundialmente e
os casos registrados no Brasil".
Ele diz que os casos geram
muitas dúvidas. "Não é só esse
medicamento que pode dar
agressão para o fígado."
Segundo João Navarro, gerente médico da Novartis no
Brasil, provavelmente os casos
do Canadá "foram de artrite
reumatóide, em que o paciente
utiliza diversos medicamentos
hepatotóxicos". Ele estima que
100 mil pacientes utilizassem o
produto no país. "Todo medicamento usado da forma preconizada, no tempo, dose e pacientes certos, e com acompanhamento, é útil", afirma.
A Anvisa exigiu que a Novartis fizesse modificações na bula, deixando mais claro o risco
de problemas hepáticos. Mas
isso foi pouco, na opinião do
presidente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo de Souza
Santos. Para ele, "a Anvisa está
muito condescendente com laboratórios internacionais".
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