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País vive epidemia de dengue, diz ministro
Número de casos no ano cresceu 49,77% em relação a mesmo período de 2006
Foram registradas 121 mortes, a maioria em MS, SP, RJ, PR e MA; campanha nacional foi aberta ontem em Belo Horizonte (MG)
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, afirmou ontem que o Brasil vive uma epidemia de dengue. O número de
casos registrados de janeiro a
setembro deste ano aumentou
49,77% em relação aos nove
primeiros meses de 2006.
Temporão disse que as mortes causadas pela doença são
sua maior preocupação -já somam 121 em 2007, contra 77
em todo o ano passado.
Esse aumento é registrado
antes mesmo da chegada do verão, período em que a doença
costuma recrudescer.
Para o ministro, a situação é
"absolutamente injustificável"
e "demonstra problema no
atendimento" para identificação e tratamento da doença, especialmente em sua forma hemorrágica.
De janeiro a setembro deste
ano, foram notificados 481.316
casos de dengue no país, ante
321.368 casos no mesmo período de 2006. "Temos um número de casos muito grande. É
uma epidemia", disse.
"Essa epidemia é preocupante por vários motivos, principalmente pelas características
do vírus -que tem quatro sorotipos, dos quais três já circulam
no país- e pelas características
do mosquito [Aedes aegypti,
transmissor da doença], que se
adaptou inclusive a áreas em
que se imaginava que não haveria adaptação, como a região
serrana do Rio do Janeiro e o
Sul do país", afirmou.
O Mato Grosso do Sul lidera
o ranking de casos notificados
de dengue, tanto em números
absolutos (72.265) como pela
incidência por 100 mil habitantes (3.099), melhor indicador
de comparação.
As 121 mortes, segundo Temporão, ocorreram principalmente em MS, SP, RJ, PR e
MA. "Estou mais preocupado
com o número de mortes. Significa que mais de 10% das pessoas que tiveram a forma hemorrágica morreram. Isso é muito alto."
Durante o lançamento da
nova edição da campanha nacional de mobilização contra a
dengue, ontem, em Belo Horizonte, o ministro disse que o
Brasil vai conviver com a doença por ao menos mais dez anos.
"Não vamos nos iludir, vamos conviver com essa doença
por muitos e muitos anos", disse Temporão, que cobrou mais
eficiência dos agentes públicos
na prevenção da dengue. Disse
que eles precisam fazer com
que as pessoas ajam contra a
doença (cobrindo caixas d'água
e colocando areia em pratos
sob vasos), sem esperar que o
governo tome medidas.
A campanha contra a dengue
será realizada no rádio e na TV.
Na noite de ontem, Temporão
ocuparia rede nacional de rádio
e TV para falar da campanha.
O ministro defendeu uma revisão no sistema de concessão
dos canais de TV de forma que
esse tipo de campanha não tenha custos para o governo
-disse que apenas um minuto
de exibição na TV Globo custará R$ 800 mil.
"Fico angustiado quando vejo quanto vou gastar para levar
uma mensagem educativa para
a TV, e as minhas contas não
fecham", disse Temporão.
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