São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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País vive epidemia de dengue, diz ministro

Número de casos no ano cresceu 49,77% em relação a mesmo período de 2006

Foram registradas 121 mortes, a maioria em MS, SP, RJ, PR e MA; campanha nacional foi aberta ontem em Belo Horizonte (MG)

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou ontem que o Brasil vive uma epidemia de dengue. O número de casos registrados de janeiro a setembro deste ano aumentou 49,77% em relação aos nove primeiros meses de 2006.
Temporão disse que as mortes causadas pela doença são sua maior preocupação -já somam 121 em 2007, contra 77 em todo o ano passado.
Esse aumento é registrado antes mesmo da chegada do verão, período em que a doença costuma recrudescer.
Para o ministro, a situação é "absolutamente injustificável" e "demonstra problema no atendimento" para identificação e tratamento da doença, especialmente em sua forma hemorrágica.
De janeiro a setembro deste ano, foram notificados 481.316 casos de dengue no país, ante 321.368 casos no mesmo período de 2006. "Temos um número de casos muito grande. É uma epidemia", disse.
"Essa epidemia é preocupante por vários motivos, principalmente pelas características do vírus -que tem quatro sorotipos, dos quais três já circulam no país- e pelas características do mosquito [Aedes aegypti, transmissor da doença], que se adaptou inclusive a áreas em que se imaginava que não haveria adaptação, como a região serrana do Rio do Janeiro e o Sul do país", afirmou.
O Mato Grosso do Sul lidera o ranking de casos notificados de dengue, tanto em números absolutos (72.265) como pela incidência por 100 mil habitantes (3.099), melhor indicador de comparação.
As 121 mortes, segundo Temporão, ocorreram principalmente em MS, SP, RJ, PR e MA. "Estou mais preocupado com o número de mortes. Significa que mais de 10% das pessoas que tiveram a forma hemorrágica morreram. Isso é muito alto."
Durante o lançamento da nova edição da campanha nacional de mobilização contra a dengue, ontem, em Belo Horizonte, o ministro disse que o Brasil vai conviver com a doença por ao menos mais dez anos.
"Não vamos nos iludir, vamos conviver com essa doença por muitos e muitos anos", disse Temporão, que cobrou mais eficiência dos agentes públicos na prevenção da dengue. Disse que eles precisam fazer com que as pessoas ajam contra a doença (cobrindo caixas d'água e colocando areia em pratos sob vasos), sem esperar que o governo tome medidas.
A campanha contra a dengue será realizada no rádio e na TV. Na noite de ontem, Temporão ocuparia rede nacional de rádio e TV para falar da campanha.
O ministro defendeu uma revisão no sistema de concessão dos canais de TV de forma que esse tipo de campanha não tenha custos para o governo -disse que apenas um minuto de exibição na TV Globo custará R$ 800 mil.
"Fico angustiado quando vejo quanto vou gastar para levar uma mensagem educativa para a TV, e as minhas contas não fecham", disse Temporão.


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