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Procuradoria suíça denuncia brasileira por falso testemunho
Defesa de Paula Oliveira, que disse ter sido atacada por neonazistas, contesta acusação
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A brasileira Paula Oliveira,
que disse ter sido agredida por
xenófobos na Suíça e depois teve sua versão desmantelada, foi
denunciada pela Procuradoria
do cantão de Zurique sob acusação de "confundir a Justiça".
Paula, que teve o passaporte
apreendido em fevereiro e não
pode deixar o país, vai contestar a acusação.
A denúncia não pede a prisão
como pena, apenas o pagamento de uma multa -cujo valor
não foi revelado- e a cobertura
dos custos legais do processo.
A advogada pernambucana,
então com 26 anos, ganhou as
manchetes em fevereiro ao dizer que fora agredida por jovens neonazistas em uma estação de trem em Zurique, cidade
onde vivia com o namorado
suíço. Na época, ela afirmou
que perdera bebês gêmeas que
gestava por causa da agressão.
Dias depois, ela confessaria
ter inventado a história. O depoimento informal foi colhido
enquanto a brasileira convalescia no hospital e sem a presença
de seus advogados, o que provoca dúvidas sobre a possibilidade de ser usado como prova.
Um exame clínico mostrou
que ela não esteve grávida, e o
laudo psiquiátrico suíço atribuiu a uma automutilação os
cortes que Paula tinha no corpo, com a sigla do partido ultranacionalista SVP. Fotos circularam na imprensa.
Ontem, a Procuradoria de
Zurique emitiu comunicado informando que denunciara a jovem na quarta-feira por falso
testemunho, com base no artigo 304 do Código Penal suíço
("conduzir a Justiça a procedimentos errôneos").
A data do julgamento da brasileira não foi marcada, e não
foi definido se ela terá de comparecer ao tribunal.
Paula chegou a depor e a ter o
passaporte confiscado. Não há
informações sobre o paradeiro
de seu namorado.
Desde então, ela continua a
viver em Zurique, conforme
confirmaram à Folha os responsáveis por sua defesa. Mas
qualquer contato com a mídia é
vetado pelos advogados, como
a reportagem constatou em sucessivas tentativas.
Outro lado
Em comunicado a jornalistas, a defesa de Paula afirmou
ontem que levará novas provas
ao processo, reiterando que ela
não reconhece a acusação e
questionando as investigações
conduzidas até então.
"A apuração dos fatos pelos
órgãos de investigação é passível de controvérsias por conter
ainda lacunas", afirma o texto
do escritório de advocacia Roger Müller, de Zurique.
"Assim sendo, não é possível
a conclusão livre e coerente de
toda a dúvida insuperável", segue o comunicado. "A defesa
reserva-se o direito de juntar
novas provas aos autos."
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