São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Procuradoria suíça denuncia brasileira por falso testemunho

Defesa de Paula Oliveira, que disse ter sido atacada por neonazistas, contesta acusação

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A brasileira Paula Oliveira, que disse ter sido agredida por xenófobos na Suíça e depois teve sua versão desmantelada, foi denunciada pela Procuradoria do cantão de Zurique sob acusação de "confundir a Justiça". Paula, que teve o passaporte apreendido em fevereiro e não pode deixar o país, vai contestar a acusação.
A denúncia não pede a prisão como pena, apenas o pagamento de uma multa -cujo valor não foi revelado- e a cobertura dos custos legais do processo.
A advogada pernambucana, então com 26 anos, ganhou as manchetes em fevereiro ao dizer que fora agredida por jovens neonazistas em uma estação de trem em Zurique, cidade onde vivia com o namorado suíço. Na época, ela afirmou que perdera bebês gêmeas que gestava por causa da agressão.
Dias depois, ela confessaria ter inventado a história. O depoimento informal foi colhido enquanto a brasileira convalescia no hospital e sem a presença de seus advogados, o que provoca dúvidas sobre a possibilidade de ser usado como prova.
Um exame clínico mostrou que ela não esteve grávida, e o laudo psiquiátrico suíço atribuiu a uma automutilação os cortes que Paula tinha no corpo, com a sigla do partido ultranacionalista SVP. Fotos circularam na imprensa.
Ontem, a Procuradoria de Zurique emitiu comunicado informando que denunciara a jovem na quarta-feira por falso testemunho, com base no artigo 304 do Código Penal suíço ("conduzir a Justiça a procedimentos errôneos").
A data do julgamento da brasileira não foi marcada, e não foi definido se ela terá de comparecer ao tribunal.
Paula chegou a depor e a ter o passaporte confiscado. Não há informações sobre o paradeiro de seu namorado.
Desde então, ela continua a viver em Zurique, conforme confirmaram à Folha os responsáveis por sua defesa. Mas qualquer contato com a mídia é vetado pelos advogados, como a reportagem constatou em sucessivas tentativas.

Outro lado
Em comunicado a jornalistas, a defesa de Paula afirmou ontem que levará novas provas ao processo, reiterando que ela não reconhece a acusação e questionando as investigações conduzidas até então.
"A apuração dos fatos pelos órgãos de investigação é passível de controvérsias por conter ainda lacunas", afirma o texto do escritório de advocacia Roger Müller, de Zurique.
"Assim sendo, não é possível a conclusão livre e coerente de toda a dúvida insuperável", segue o comunicado. "A defesa reserva-se o direito de juntar novas provas aos autos."


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