São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Município é segundo pólo de contaminação

DA REPORTAGEM LOCAL

O maior objetivo do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em Cubatão é mudar a imagem da cidade, que já foi considerada o "vale da morte" e quer superar o estigma de ser uma das regiões mais poluídas do mundo. Mas a tarefa não é fácil.
Mesmo tendo melhorado a qualidade do ar -há pelo menos oito anos não é decretado estado de alerta por poluição atmosférica, em grande parte graças a um programa da Cetesb-, o passivo ambiental resultante de cerca de três décadas de uma industrialização sem comprometimento com padrões ambientais está apenas começando a ser descoberto.
Cubatão é a segunda cidade do Estado em número de áreas contaminadas. Com 23 (agora 24) pontos, fica atrás apenas da capital, onde há 102 locais comprometidos, segundo a Cetesb.
A diferença é que, em São Paulo, a maioria das áreas é composta por postos de combustíveis. Em Cubatão, eles são apenas três; o resto é formado pelos maiores nomes do pólo industrial, como Carbocloro, Petrobras, Rhodia, Ultrafértil e Cosipa.
As 25 grandes indústrias do pólo já investiram, até o ano passado, quase US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,6 bilhões) em ações de controle ambiental. O Ciesp defende ampliar a área industrial com indústrias pouco poluentes.
Isso não vai ocorrer se depender do secretário do Meio Ambiente de Cubatão, o coronel reformado Eduardo Silveira Belo. "É muito problema que temos de resolver."
Na avaliação de João Carlos Gomes, diretor de comunicação da ACPO, Cubatão é o resultado de um modelo que ignorou os impactos ambientais em nome da industrialização e cujo símbolo maior foi a posição dos representantes brasileiros na primeira grande reunião ambiental mundial, realizada em 1972, na Suécia.
"Cartazes da delegação brasileira diziam: "Bem-vinda a poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem restrições'", conta.
Ademar Salgosa Jr., que dirige o Ciesp Cubatão, concorda que houve erros. "Só viram as vantagens da cidade. Não viram que a serra do Mar é uma imensa barreira natural à dispersão de poluentes." (MV)



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