São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Em Olinda, natureza é ameaça

DA AGÊNCIA FOLHA,

EM OLINDA E EM SALVADOR

As ameaças ao sítio histórico de Olinda (PE) não surgem apenas em razão da ação direta do homem. O risco de degradação, segundo especialistas, também vem do ar, do mar e da terra.
O calor, a umidade, a salinidade, o avanço da maré e a estrutura frágil dos morros que compõem a paisagem da área tombada são considerados hoje tão perigosos quanto os foliões que invadem as ladeiras da cidade histórica durante o Carnaval.
Igrejas centenárias como a do São Francisco, construída em 1577, perderam parte de seu acervo de obras de arte devido a infiltrações e ataque de cupins.
O deslizamento gradual do morro onde a igreja foi construída provocou rachaduras nas paredes. Nas igrejas de São Bento e do Carmo, também erguidas sobre morros, o problema se repete.
Segundo o arquiteto e coordenador-adjunto da Prefeitura de Olinda no programa Monumenta, André Renato Pina Moreira, dos 3.300 imóveis localizados nos dois km2 de área tombada no município, a igreja do São Francisco é a que está em situação mais grave, por não estar incluída em programas de restauração.
A obra ficou fora do Monumenta, que prevê a restauração de cerca de 15 obras no sítio histórico. O investimento do programa Monumenta será de R$ 6,2 milhões em Olinda. Os recursos são do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), do governo e do município.

Salvador
Por trás das obras de restauração do Pelourinho (centro histórico de Salvador), esconde-se um "custo social" que o governo baiano costuma ignorar -1.770 famílias (3.584 pessoas) praticamente foram expulsas para a periferia.
Para que os antigos moradores deixassem os casarões coloniais, que estavam em ruínas, o governo estadual ofereceu duas opções: auxílio realocação (média de R$ 2.000) ou uma casa de dois quartos, com 40 m2, na periferia.
Subsidiado pelo governo, o morador que optou pela residência deve pagar uma mensalidade de R$ 51 durante cinco anos, para receber a escritura definitiva.
A Conder (Companha de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), responsável pelas obras, diz que os moradores eram "invasores" e não tinham a escritura das propriedades.


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