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ADMINISTRAÇÃO
Entidade, que recebe R$ 600 mil ao mês de secretaria da Prefeitura do Rio, gerencia oito postos de saúde
Na Maré, entidade emprega de gari a médico
DA SUCURSAL DO RIO
No maior complexo de favelas
do Rio, o da Maré (zona norte),
um grupo de associações de moradores, comandado pela Unimar
(União das Associações de Moradores da Maré), tem hoje cerca de
500 empregados em serviços públicos, de gari a médico.
As associações gerenciam oito
postos de saúde no complexo,
com cerca de 130 mil habitantes,
além de outro na Ilha do Governador. Contratam médicos, dentistas e agentes comunitários.
Somente da Secretaria de Saúde
da Prefeitura do Rio de Janeiro, a
Unimar recebe cerca de R$ 600
mil mensais. A secretaria ajuda na
seleção dos médicos e dos profissionais de saúde. Se um profissional não tiver bom desempenho, a
secretaria ou a associação pedem
sua demissão.
Desde 1995, segundo a secretaria, os postos da Maré funcionam
nesse modelo. Na semana passada, no posto do Ciep Elis Regina,
na favela Nova Holanda, estavam
em falta ou quase no fim do estoque 35 dos 70 medicamentos fornecidos pela prefeitura.
O presidente do Conselho Fiscal
da Unimar, Teófilo Dias, disse
que recebeu a promessa de obter
o gerenciamento de mais oito
postos de saúde da família na Ilha
do Governador e que há 1.500 currículos de pessoas para preencher
as vagas.
Dias preside há 16 anos a associação de moradores da Baixa do
Sapateiro, uma das comunidades
da Maré. Há oito anos está no
Conselho Fiscal da Unimar.
A Unimar gerencia ainda o programa de garis comunitários. O
dinheiro para pagamento de salário vai direto para a conta dos
contratados. Para esse serviço, a
associação recebe uma taxa de administração e dinheiro para comprar material.
Também há trabalhadores terceirizados no Cemasi (Centro
Municipal de Atendimento Social
Integrado) de Nova Holanda,
uma unidade pública de realização de projetos sociais. Como as
educadoras Miriam Souza, 35, e
Jane Silva, 21, contratadas por intermédio de uma ONG (organização não-governamental) para
realizar atividades com jovens.
Na Rocinha (zona sul), a creche
Jardim Escola Centro Social Tia
Uêga recebe da prefeitura gêneros
alimentícios e dinheiro para pagar os funcionários. Com 84
crianças, tem 23 bolsistas, que não
podem pagar a mensalidade -o
valor varia de R$ 30 a R$ 70.
O filho da desempregada Marília Francisco dos Santos, 29, é bolsista. Ela procurou vaga em creche pública, mas não achou. O garoto fica na escolinha enquanto a
mãe procura emprego. A creche
oferece as cinco refeições, e muitas crianças só comem na escola.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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