UOL


São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO

Entidade, que recebe R$ 600 mil ao mês de secretaria da Prefeitura do Rio, gerencia oito postos de saúde

Na Maré, entidade emprega de gari a médico

DA SUCURSAL DO RIO

No maior complexo de favelas do Rio, o da Maré (zona norte), um grupo de associações de moradores, comandado pela Unimar (União das Associações de Moradores da Maré), tem hoje cerca de 500 empregados em serviços públicos, de gari a médico.
As associações gerenciam oito postos de saúde no complexo, com cerca de 130 mil habitantes, além de outro na Ilha do Governador. Contratam médicos, dentistas e agentes comunitários.
Somente da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro, a Unimar recebe cerca de R$ 600 mil mensais. A secretaria ajuda na seleção dos médicos e dos profissionais de saúde. Se um profissional não tiver bom desempenho, a secretaria ou a associação pedem sua demissão.
Desde 1995, segundo a secretaria, os postos da Maré funcionam nesse modelo. Na semana passada, no posto do Ciep Elis Regina, na favela Nova Holanda, estavam em falta ou quase no fim do estoque 35 dos 70 medicamentos fornecidos pela prefeitura.
O presidente do Conselho Fiscal da Unimar, Teófilo Dias, disse que recebeu a promessa de obter o gerenciamento de mais oito postos de saúde da família na Ilha do Governador e que há 1.500 currículos de pessoas para preencher as vagas.
Dias preside há 16 anos a associação de moradores da Baixa do Sapateiro, uma das comunidades da Maré. Há oito anos está no Conselho Fiscal da Unimar.
A Unimar gerencia ainda o programa de garis comunitários. O dinheiro para pagamento de salário vai direto para a conta dos contratados. Para esse serviço, a associação recebe uma taxa de administração e dinheiro para comprar material.
Também há trabalhadores terceirizados no Cemasi (Centro Municipal de Atendimento Social Integrado) de Nova Holanda, uma unidade pública de realização de projetos sociais. Como as educadoras Miriam Souza, 35, e Jane Silva, 21, contratadas por intermédio de uma ONG (organização não-governamental) para realizar atividades com jovens.
Na Rocinha (zona sul), a creche Jardim Escola Centro Social Tia Uêga recebe da prefeitura gêneros alimentícios e dinheiro para pagar os funcionários. Com 84 crianças, tem 23 bolsistas, que não podem pagar a mensalidade -o valor varia de R$ 30 a R$ 70.
O filho da desempregada Marília Francisco dos Santos, 29, é bolsista. Ela procurou vaga em creche pública, mas não achou. O garoto fica na escolinha enquanto a mãe procura emprego. A creche oferece as cinco refeições, e muitas crianças só comem na escola. (FERNANDA DA ESCÓSSIA)


Texto Anterior: Tráfico afeta trabalho, diz Maia
Próximo Texto: Mortes
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.